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sábado, 3 de outubro de 2009

SOBRE A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO E CATEQUESE NO ANÚNCIO DA PALAVRA DE DEUS

Geralmente quando se fala em formação, inevitavelmente nos vem à mente um momento de aprendizado, recepção de conteúdo, estudo e assim por diante. Mas, dificilmente se espera que em momentos como este ocorram grandes conversões, alta emotividade, curas e mesmo outras manifestações mais efusivas. Ou seja, o se que espera, convencionalmente, é um momento mais racional, um ambiente de estudo e reflexivo.

Evidente que não pretendo encerrar aqui o Espírito Santo, pois ele sopra onde quer, nem tampouco desejo fechar os olhos para a ação da graça dentro de elementos e conteúdos formativos. Apenas o que evidencio é uma concepção ingênua, por assim dizer, que se tem concebido coletivamente onde o momento mais “favorável” de uma ação mais efusiva do Espírito Santo seria, por exemplo, durante uma pregação, um louvor animado ou em momentos intensos de oração. Desse modo, aos momentos formativo-catequéticos estariam reservadas expressões menos emotivas e mais lógico-intelectuais.

No entanto, isto não aparece como verdadeiro. E gostaria de partilhar, em especial com meus irmãos responsáveis pelo ministério de formação, que mesmo que o público que busca as formações se trate, em grande maioria, de pessoas evangelizadas, ainda neste contexto podemos ser surpreendidos com testemunhos que por vezes se assemelham aos daqueles que acabaram de ter seu primeiro encontro pessoal com Jesus. Daí a máxima “pregar formando e formar pregando”.

Este ano, A comunidade que participo (Comunidade Católica da Transfiguração) me enviou para assumir um compromisso na paróquia, a fim de ministrar um curso sobre doutrina católica, onde pretendemos estudar todo o Catecismo ao longo de um ano. Embora, o conteúdo seja essencialmente formativo, racional e pareça requerer apenas estudo, Deus tem realizado uma obra nova e maravilhosa aos nossos olhos. Veja que não se trata de uma pregação em um grande encontro, com a dinâmica que tem o anúncio querigmático, mas trata-se de conteúdo de formação, com uma pedagogia mais exigente, reflexiva, talvez menos dinâmica, etc. Contudo, gostaria de destacar dois testemunhos que me chamaram a atenção.

O primeiro se deu ao estudarmos a primeira parte do Catecismo onde tratávamos sobre o Credo, chegamos ao artigo que abordava as questões sobre a morte (são os artigos “creio na ressurreição da carne” e “creio na vida eterna”). Ao finalizar, uma das participantes disse aos prantos, que finalmente havia compreendido o significado da morte para o cristianismo e que Deus a havia libertado do sentimento depressivo com relação à morte de seu pai. A partir deste curso ela havia compreendido a morte cristã com esperança e não com sentimento de tristeza.

O segundo testemunho veio de um casal. No momento em que estudávamos os sacramentos (em especial, o matrimônio), a esposa tomou a palavra e disse que o curso tem colaborado para o engajamento de seu marido, pois ele não estava engajado em nenhum serviço dentro da igreja. Como o curso é ministrado no período da noite, o marido começou acompanhá-la. Ele passou a se interessar pelo curso e a conhecer as “coisas da Igreja” (palavras dele) e a partir de então, está engajado na pastoral do batismo. Conforme ele mesmo testemunhou “a única coisa que ele havia feito na igreja foi ter casado no religioso”. Mas com o curso ele havia adquirido uma nova visão sobre a igreja e passou a nutrir um amor por ela e o desejo de servir em algum movimento ou pastoral naturalmente surgiu em virtude do conhecimento adquirido. Mais uma vez outra máxima: “só se ama aquilo que se conhece”.

Irmãos formadores (incluo aqui os catequistas). Gostaria de deixar minha admiração e motivação para continuarmos neste trabalho de formar Cristo nos outros (bem como nos deixarmos formar por Ele). Não descuidem da espiritualidade em favor do conhecimento. Engana-se quem pensa que para formar bem precisa mais de estudo do que de oração. Ao contrário, nossas formações, cursos e catequeses precisam estar sobremaneira sob a graça de Deus, pois juntamente com a pregação, a formação compõe a complementaridade do anúncio da Palavra de Deus que se apresenta como amor e ao mesmo tempo nos convida para avançarmos para águas mais profundas.

Francisco Elvis Rodrigues Oliveira.

Coord. Ministério Pregação – RCC Fortaleza