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domingo, 31 de outubro de 2010

Olá, irmãos.
Segue, abaixo, trecho do livro ¿Cómo Predicar?, de Padre Diego Jaramillo. Em breve, com a graça de Deus, esta obra terá sua versão em português. Até lá, aproveite este trecho como conteúdo de formação para o seu ministério de pregação. Neste texto, padre Diego trata da importância do sinais que devem acompanhar nossas pregações.




 
 
PREGAR E CURAR

À pregação de Jesus e de seus primeiros discípulos se associam permanentemente o anúncio verbal do Evangelho e as curas. Recordemos algumas passagens dos textos sagrados, a fim de comprovar.

1. Ministério de Cristo
Jesus prega o Evangelho e cura toda enfermidade (Mt 4,23;9,35) e, aplicando a si um texto do profeta Isaías, afirma que o Espírito Santo é quem o impele a anunciar as boas notícias, a pregar e a curar (Lc 4,18).
O evangelista Lucas narra como as pessoas vinham para ouvir a Jesus e para serem curadas de suas enfermidades (Lc 6,17). Igualmente, no livro dos Atos, Lucas recorda a pregação de São Pedro, segundo a qual Jesus andou pregando o Evangelho e curando aos oprimidos pelo Diabo (At 10,3).

2. O mandato de Cristo aos discípulos
Ao enviar os discípulos, Jesus lhes confia uma dupla missão: “pregar e curar”. A este respeito podem ser consultadas numerosas passagens do Evangelho. São Marcos recorda que o Mestre estabeleceu “doze”, para enviá-los a pregar e para que tivessem autoridade para curar enfermidades e expulsar os demônios (Mc 3,14-15).
O mesmo evangelista nos conta, ao final de seu livro, que o Senhor enviou os discípulos a pregar o Evangelho a toda a criatura e lhes prometeu que haveria sinais para acreditarem em sua palavra: expulsariam os demônios, falariam línguas novas, não sofreriam ataques de serpentes e curariam enfermos (Mc 16,15-18).
São Lucas nos transmite um ensinamento semelhante. Segundo ele, Jesus deus aos “doze” poder e autoridade sobre os demônios, para curar enfermidades, os enviou a pregar o Reino de Deus e para curar os enfermos (Lc 9,1). Em outra passagem de seu livro referindo-se, já não aos doze, mas aos setenta discípulos, Jesus lhes diz que, na casa onde eles hospedarem, que curem aos enfermos que ali houver e que lhes anunciem a proximidade do Reino de Deus (Lc 10,9).

3. Ministério dos discípulos
Marcos, Lucas e, também a Carta aos Hebreus, narram como os primeiros pregadores do Evangelho realizaram sua missão de palavra e de obra: São Marcos conta que, depois da ascensão, os discípulos pregaram em todas as partes e, que o Senhor, lhes ajudava e confirmava sua palavra com os sinais que a seguiam (Mc 16,20).
No livro dos Atos lemos que Pedro e João, ao sair do cárcere, reunidos com os demais discípulos, oraram pedindo valentia para pregar a palavra e, que o Senhor estendesse sua mão para realizar sinais e prodígios (At 4,29-30). Como um eco de vivências parecidas, a Carta aos Hebreus transmite, ao recordar que aqueles que ouviram o ensinamento do Senhor, o transmitiram enquanto Deus dava testemunho deles com sinais e prodígios e, com toda a sorte de milagres e dons do Espírito Santo (Heb 24).

4. O ministério de Filipe, Barnabé e Paulo
Os atos apostólicos atestam que as pessoas escutavam tudo quanto Filipe dizia e que presenciavam os sinais que realizava (At 8,6). No mesmo livro, nós lemos que, em Icônio, Paulo e Barnabé falavam com coragem e que, por suas mãos, o Senhor realizava sinais e prodígios, testemunhando, assim, com sua graça, a pregação de seus seguidores (At 14,3).
O apóstolo Paulo, pessoalmente, nos recorda o que foi o seu ministério, nas seguintes passagens de suas cartas aos cristãos de Tessalônica, de Corinto e de Roma: “O nosso Evangelho vos foi pregado não somente por palavra, mas também com poder, com o Espírito Santo e com plena convicção” (I Tes 1,5).
“A minha palavra e a minha pregação longe estavam da eloqüência persuasiva da sabedoria; eram, antes, uma demonstração do Espírito e do poder divino, para que vossa fé não se baseasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus” (I Cor 2,4-5). “Os sinais distintivos do verdadeiro apóstolo se realizaram em vosso meio através de uma paciência a toda prova, de sinais, prodígios e milagres” (I Cor 12,12). “Porque não ousaria mencionar ação alguma que Cristo não houvesse realizado por meu ministério, para levar os pagãos a aceitar o Evangelho, pela palavra e pela ação, pelo poder dos milagres e prodígios, pela virtude do Espírito (Rm 15,18-19).

5. Nosso ministério
É claro que os comentadores destes textos, quando os aplicam à pregação de hoje, não podem fugir à afirmação da ação do Espírito Santo que com seus carismas apóia o ministério do Evangelho. Mas, tendem a reduzir esses sinais e prodígios para certas expressões de ordem moral, sem explicar, claramente, em que fundamentam a sua visão restrita.
Assim, o padre Jesús Lopez Gay, professor da Universidade Gregoriana, escreve: “sabemos, pela teologia bíblica, que toda palavra de salvação deve ir acompanhada de alguns sinais, prova da presença de Deus. Estes sinais que, como verdadeiros poderes, devem acompanhar a vida e atividade do missionário, vão desde o sinal da unidade (o grande sinal), a pobreza, o desapego, a entrega à causa do Evangelho, até o martírio, passando por uma série de outros sinais concretos de paciência e fé. As cartas do Novo Testamento atribuem ao Espírito Santo todos estes sinais que acompanham a obra missionária”. E o padre Joseph Masson, também professor da mesma Universidade, se expressa assim: “como para Cristo, assim também para os apóstolos, os sinais, os milagres acompanham a mensagem e formam um todo com ele. Trata-se, portanto, aqui de uma palavra eficaz: curam-se os males físicos, uma vez que se estabelece uma relação entre o homem e Deus. Jesus percorre a Galiléia proclamando em alta voz a Boa Nova do Reino e curando todos os tipos de enfermidades e doenças. Os sinais de salvação são certa, principal e primariamente interiores. Os apóstolos da primeira geração, mais de uma vez deram testemunho dos milagres propriamente ditos. Segundo este exemplo, também em nossos dias é importante que a evangelização realize milagres através da Igreja e de seus enviados: milagres de desinteresse, de amor fraterno, de serviço eficaz”.
De modo que se aceita a doutrina, mas, diante da ausência de carismas busca-se uma explicação adequada. Teria sido mais justo dizer: se agora os carismas não se apresentam mais como antes, talvez signifique que falte mais oração e mais abertura para a ação poderosa do Espírito Santo.
É Claro que pode haver sinais morais, conversões, restituição de coisas roubadas, reconciliação de inimigos. Porém, se eles acontecem, talvez com maior facilidade devessem acontecer os sinais de saúde física. Por algum motivo os fariseus ficaram surpresos de que Jesus perdoasse pecados e, o sinal de que ele realmente podia fazê-lo, foi a ordem dada ao paralítico: toma o teu leito e anda.

Tradução: Francisco Elvis Rodrigues Oliveira

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Homilia de Cardeal Stanislaw Rylko durante o Congresso Mundial das Novas Comunidades

Mais visitantes em nosso blog

Queridos irmãos e irmãs.
Nosso Blog continua a atrair visitantes das mais diversas localidades de nosso país e, também, do exterior.
Até o momento registramos as seguintes visitas:

Brasil: Fortaleza, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pará, Goiás, Paraná, São Paulo, Sergipe e Espírito Santo.

Exterior: Califórnia (EUA), Toronto (Canadá), Lazio (Itália) e Moscou (Rússia).


Confira no mapa abaixo:


Discurso do papa Bento XVI aos bispos do Regional NE5 da CNBB em visita Ad limina



VISITA "AD LIMINA APOSTOLORUM" DEGLI ECC. MI PRESULI DELLA CONFERENZA EPISCOPALE DEL BRASILE (REGIONE NORDESTE V)

Alle ore 11 di questa mattina, il Santo Padre Benedetto XVI incontra i Vescovi della Conferenza Episcopale del Brasile (Regione NORDESTE V), in occasione della Visita "ad Limina Apostolorum".
Pubblichiamo di seguito il discorso che il Papa rivolge loro:

Em visita ad limina apostolorum, os bispos do Regional Nordeste 5 da CNBB (estado do Maranhão) foram recebidos em audiência pelo papa Bento XVI, que foi saudado pelo bispo emérito de Viana (MA), dom Xavier Gilles, ex-presidente do Regional.


"Lendo os vossos relatórios, pude dar-me conta dos problemas de caráter religioso e pastoral, além de humano e social, com que deveis medir-vos diariamente. O quadro geral tem as suas sombras, mas tem também sinais de esperança", disse o papa.
São 14 os bispos que participam da visita, que termina no sábado, 30. Na agenda do episcopado maranhense há visitas aos dicastérios da Santa Sé, dentre outros compromissos. Ontem eles celebraram missa na Basílica de São Paulo Fora dos Muros.

Leia, abaixo, a íntegra do discurso do papa.

Amados irmãos no episcopado,
“Para vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (2 Cor1, 2). Desejo antes de mais nada agradecer a Deus pelo vosso zelo e dedicação a Cristo e à sua Igreja que cresce no Regional Nordeste 5. Lendo os vossos relatórios, pude dar-me conta dos problemas de caráter religioso e pastoral, além de humano e social, com que deveis medir-vos diariamente. O quadro geral tem as suas sombras, mas tem também sinais de esperança, como Dom Xavier Gilles acaba de referir na saudação que me dirigiu, dando livre curso aos sentimentos de todos vós e do vosso povo.
Como sabeis, nos sucessivos encontros com os diversos Regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tenho sublinhado diferentes âmbitos e respectivos agentes do multiforme serviço evangelizador e pastoral da Igreja na vossa grande Nação; hoje, gostaria de falar-vos de como a Igreja, na sua missão de fecundar e fermentar a sociedade humana com o Evangelho, ensina ao homem a sua dignidade de filho de Deus e a sua vocação à união com todos os homens, das quais decorrem as exigências da justiça e da paz social, conforme à sabedoria divina.
Entretanto, o dever imediato de trabalhar por uma ordem social justa é próprio dos fiéis leigos, que, como cidadãos livres e responsáveis, se empenham em contribuir para a reta configuração da vida social, no respeito da sua legítima autonomia e da ordem moral natural (cf. Deus caritas est, 29). O vosso dever como Bispos junto com o vosso clero é mediato, enquanto vos compete contribuir para a purificação da razão e o despertar das forças morais necessárias para a construção de uma sociedade justa e fraterna. Quando, porém, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas (cf. Gaudium et spes, 76).
Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente má e incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, conseqüência ou circunstância. Portanto, seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural (cf. Christifideles laici, 38). Além disso no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases (cf. Evangelium vitæ, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida «não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo» (ibidem,82).
Além disso, para melhor ajudar os leigos a viverem o seu empenho cristão e sócio-político de um modo unitário e coerente, é «necessária — como vos disse em Aparecida — uma catequese social e uma adequada formação na doutrina social da Igreja, sendo muito útil para isso o "Compêndio da Doutrina Social da Igreja"» (Discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 3). Isto significa também que em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum (cf. Gaudium et spes 75).
Neste ponto, política e fé se tocam. A fé tem, sem dúvida, a sua natureza específica de encontro com o Deus vivo que abre novos horizontes muito para além do âmbito próprio da razão. «Com efeito, sem a correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de ambigüidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia, ou então aplicada de uma maneira parcial, sem ter em consideração plenamente a dignidade da pessoa humana» (Viagem Apostólica ao Reino Unido, Encontro com as autoridades civis, 17 de setembro de 2010).
Só respeitando, promovendo e ensinando incansavelmente a natureza transcendente da pessoa humana é que uma sociedade pode ser construída. Assim, Deus deve “encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política” (Caritas in veritate, 56). Por isso, amados Irmãos, uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do Estado.
Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história. Como não pensar neste momento na imagem de Jesus Cristo com os braços estendidos sobre a baía da Guanabara que representa a hospitalidade e o amor com que o Brasil sempre soube abrir seus braços a homens e mulheres perseguidos e necessitados provenientes de todo o mundo? Foi nessa presença de Jesus na vida brasileira, que eles se integraram harmonicamente na sociedade, contribuindo ao enriquecimento da cultura, ao crescimento econômico e ao espírito de solidariedade e liberdade.
Amados Irmãos, confio à Mãe de Deus e nossa, invocada no Brasil sob o título de Nossa Senhora Aparecida, estes anseios da Igreja Católica na Terra de Santa Cruz e de todos os homens de boa vontade em defesa dos valores da vida humana e da sua transcendência, junto com as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e mulheres da província eclesiástica do Maranhão. A todos coloco sob a Sua materna proteção, e a vós e ao vosso povo concedo a minha Benção Apostólica.


Quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Papa Bento XVI

Fonte:



sábado, 23 de outubro de 2010

La Chiesa e il mondo hanno bisogno di profeti

La meditazione di padre Raniero Cantalamessa su profezia ed evangelizzazione apre a Rimini la giornata di sabato 3 maggio. "Reddite Deo potentiam suam: Restituite il potere a Dio!" (cf Sal 67, 35)  Questo, secondo il Predicatore della Casa Pontifica, il motto pertinente al Rinnovamento.

"Profeta è uno a cui è dato un "occhio penetrante" (Nm 24,15) che gli permette di avere accesso alla mente di Dio e di vederne i segreti progetti". Testimonianza, fede e profezia. Padre Raniero Cantalamessa ripercorre il cammino del carisma profetico passando per l'Antico e il Nuovo Testamento, fino al concilio Vaticano II. Nel post-Concilio, il significato importante del Rinnovamento carismatico, e il suo contributo specifico "alla riscoperta della dimensione profertica della Chiesa". Un contributo - spiega il Predicatore del Papa - che "consiste nell'aver riportato alla luce, accanto ai molti significati della parola-profezia, il significato e le manifestazioni che essa aveva nella primitiva comunità cristiana (cf 1 Cor 14)".

Un'autorità che non viene dall'uomo
All'origine della profezia, lo Spirito e la Parola. Padre Cantalamessa cita la Seconda lettera a Timoteo: "Tutta la Scrittura infatti è ispirata da Dio" (3, 16). Nella lingua originale, esiste però anche un altro significato: la scrittura infatti è theopneustòs non solo perché è "ispirata da Dio", ma anche perché è "spirante Dio", traspira Dio. Nel Vangelo di Matteo - continua p. Cantalamessa - è riportata una parola di Gesù che ha fatto tremare i lettori del Vangelo di tutti i tempi: "Ma io vi dico che di ogni parola infondata gli uomini renderanno conto nel giorno del giudizio" (Mt 12,36). Argòn, il termine che traduciamo con "infondata" vuol dire "senza effetto": parola che non fonda niente; vuota, sterile, senza efficacia. L'esatto contrario della parola di Dio, sempre caratterizzata nella Bibbia dall'aggettivo energès, "efficace" (Eb 4,12). Qual è allora questa parola inutile? Quella dei falsi profeti: "coloro che non presentano la parola di Dio nella sua purezza, ma la annacquano ed estenuano in mille parole umane". Come si riconosce un parlare profetico? "Mentre l'annunciatore sta parlando, a un certo momento non deciso da lui, avviene una interferenza, come se un'onda di diversa frequenza si inserisse nella sua voce. Egli se ne accorge per via di una commozione che lo investe, una forzae una convinzione che riconosce chiaramente come non sue. La parola si fa più ferma, incisiva. Sperimenta un riflesso di quella "autorità" che tutti percepivano quando ascoltavano parlare Gesù". Profezia e potenza dello Spirito Santo, dunque. Padre Raniero chiarisce questo aspetto citando san Paolo: " La mia parola e il mio messaggio non si basano su discorsi persuasivi di sapienza, ma sulla manifestazione dello Spirito e della sua potenza, perché la vostra fede non fosse fondata sulla sapienza umana, ma sulla potenza di Dio" (1 Cor 2, 4-5). "L'Apostolo - commenta il Predicatore - parla di un'esperienza comune a lui e agli ascoltatori. Difatti, quando è lo Spirito che mette sulle labbra una parola, gli effetti, anche se di natura squisitamente spirituale, sono ben percepibili. L'ascoltatore è raggiunto in un punto dell'essere, dove non giunge nessun'altra voce; si sente "toccato" e non di rado un brivido, o una sensazione di calore, lo attraversa in tutto il corpo. L'uomo e la sua voce, a questo punto scompaiono per far posto a un'altra voce". Proprio come diceva Filone Alessandrino: "Il vero profeta quando parla , tace". Tace perché, in quel momento, non è più lui che parla, ma un Altro. Si è fatto dentro di lui un misterioso silenzio.... Sono momenti; a Dio basta una frase, una parola. Annunciatore e ascoltatori hanno la sensazione come di goccie di fuoco che, a un  certo punto, si mescolano alle parole del predicatore, rendendole incandescenti....In Geremia Dio stesso dichiara: "La mia parola non è forse come fuoco - oracolo del Signore - e come un martello che spacca la roccia?" (Ger 23,29)

Gesù, oggetto e soggetto della profezia
Rispetto all'Antico, nel Nuovo Testamento la profezia cambia. Continua p. Raniero: Con le parole: "in mezzo a voi sta uno che voi non conoscete!" (Gv 1,26), Giovanni Battista ha inaugurato la nuova profezia, quella del tempo della Chiesa, che non consiste nell'annunciare una salvezza futura e lontana, ma nel rivelare la presenza nascosta di Cristo nel mondo". Il Predicatore della Casa Pontificia parla di svolta escatologica, definitiva... Gesù stesso-dice- lo mette in luce parlando del Battista: "In verità vi dico: tra i nati di donna non è sorto uno più grande di Giovanni il Battista; tuttavia il più piccolo nel regno dei cieli è più grande di lui.... La legge e tutti i Profeti infatti hanno profetato fino a Giovanni" (Mt 11, 11.13)... Con Gesù è scoccata l'ora decisiva della storia, davanti a lui si impone la decisione dalla quale dipende la salvezza. In Gesù si ha la identificazione tra il soggetto e l'oggetto della profezia". Pentecoste: è la Chiesa stessa che nasce come realtà profetica. "Tutti - figli e figlie, giovani e anziani - sono profeti" (cf At 2, 14ss), anche se agli inizi - come sottolinea p. Raniero - ci sono alcune persone particolarmente dotate del carisma che vengono abitualmente chiamate profeti
(cf At 11,27;  13,1;  15,32;  21,9-10). 

Il carisma profetico dopo il Concilio
La crisi del profetismo inizia nella metà del II secolo, soprattutto a causa dell'eresia montanista. Risultato: la istituzionalizzazione della profezia, il suo assorbimento nell'orbita della gerarchia. Il carisma profetico "si riduce alla prerogativa del Magistero di interpretare autenticamente la Scrittura e insegnare la vera dottrina.... La riscoperta della profezia biblica, come in quella dei carismi in genere, si ha con il Concilio vaticano II". Ed ecco il ruolo del Rinnovamento nello Spirito che - sostiene p. Raniero - "insieme con altre realtà del post-Concilio, rappresenta l'attuazione di questa riscoperta nella vita della Chiesa. Segna il passaggio dai documenti alla vita. Esso - continua - è un movimento profetico ancora prima che un movimento carismatico. E' la riscoperta e la proclamazione della signoria di Cristo che rappresenta la quintessenza della profezia cristiana". La profezia capace di convertire. E il Predicatore della Casa pontificia ricorda il suo approccio, nel 1975, con il Rinnovamento. inizialmente scettico, fu invitato in un gruppo di preghiera; cominciò a confessare: "I peccati - racconta - sembravano cadere dalle anime come sassi, e alla fine lacrime di gioia. Non potei fare a meno di dire tra me: "Qui c'è Dio!" P. Raniero esorta il popolo del Rinnovamento a non perdere la carica profetica dei primi tempi. "Anche il Rinnovamento - dice con forza - ha bisogno di essere rinnovato! Anche a noi è rivolta l'esortazione dell'Apostolo a Timoteo: "ti ricordo di ravvivare il dono di Dio che è in te per l'imposizione delle mie mani" (2 Tim 1,6). "Ravvivare" etimologicamente significa: "soffiare sulla fiamma". Non passiamo alle nuove generazioni che si accostano alla reatà del Rinnvamento - insiste il Predicatore - una fiamma smorta e un lucignolo fumigante. E per ravvivare il carisma profetico, ricorda i requisiti umani necessari alla profezia, quelle disposizioni d'animo che ne favoriscono l'esercizio: preghiera, umiltà e amore. Tutti devono essere profeti, senza paura: Si è profeti parlando, ma non solo con la bocca, anche con gli occhi, con le mani, con la vita. "La Chiesa - diceva Paolo VI - ha bisogno della sua perenne Pentecoste, ha bisogno di fuoco nel cuore, di parola sulle labbra, di profezia nello sguardo" 


P.Raniero invita a fare come il profeta Isaia che, alla voce del Signore che diceva: "Chi manderò e chi andrà per noi?", rispose senza esitazione: "Eccomi manda me!" (cf Is 6,8).

Fonte: http://www.rnsbassano.it/node/623 


Abaixo, você pode fazer o download da pregação a que esta matéria se refere.

Testemunho de Maria Lata D´água

Maria Mercedes Chaves. Esse é o nome de batismo de Maria Lata D'Água, uma das mais célebres passistas da Portela, escola em que desfilou por 45 anos. Apesar de uma vida de grandes perdas e privações, Maria marcou o carnaval do Rio de Janeiro, caracterizado pelo bom humor ao lidar com as próprias vicissitudes.
Nascida em Diamantina (MG), em 1933, Maria foi morar no Rio antes de completar 13 anos. Começou a participar dos desfiles em 49, quando saiu pelo Salgueiro, ainda sem a personagem. Mais tarde, foi trabalhar em um circo, onde tudo começou. Em entrevista ao site de uma comunidade católica, que agora freqüenta, ela lembra desse começo:“Um dia nos convidaram para trabalhar num circo, em Nova Iguaçu (RJ), para encher lingüiça até os grandes artistas chegarem, mas eles não chegaram. O circo estava cheio e o patrão não sabia o que fazer. Disse que poderia dançar com uma lata d'água na cabeça. Ele não concordou. Tinha outra Maria da Bahia, que dançava igual. Eu disse que fazia melhor. Ele pediu show de 2 horas e, no fim, deu certo”, lembra.
Pouco tempo depois do sucesso no circo, Maria foi apresentar a dança no programa do Chacrinha, que dispensa apresentações. “Eu fiquei no trono do programa dele e passei a ser conhecida na cidade. Todo mundo dizia: 'Maria Lata D'água'. Até que um dia me convidaram para sair numa escola de samba”, lembra a passista, que já havia saído por diversas outras escolas, mas sem posição de destaque.
O convite foi feito pelo Salgueiro. A escola, contudo, inexplicavelmente, não aceitou que ela saísse com a lata d'água. Foi quando a Portela a convidou para um show. Resultado: foi aprovada e desfilou durante 45 anos na escola . “Viajei, morei na Europa durante 30 anos, mas todos os anos eu voltava e desfilava na Portela”, lembra ela.
A Maria Mercedes Chaves não desfila desde 1991, quando ingressou na Comunidade Canção Nova. Hoje, ela é consagrada na Comunidade Canção Nova.

Abaixo, vocês acompanham a famosa marchinha de carnaval que marcou época com esta personagem. Em seguida, segue o link para o download do áudio com o testemunho feito pela própria Maria Mercedes, no acampamento de carnaval, na Canção Nova, no ano de 2007.


LATA D´ÁGUA
(Luís Antonio e J. Júnior)

Lata d'água na cabeça
Lá vai Maria
Lá vai

Maria
Sobe o morro e não se cansa
Pela mão
Leva a criança
Lá vai Maria


Maria
Lava a roupa
Lá no alto
Lutando pelo pão
De cada dia
Sonhando com a vida
Sonhando com a vida
Do asfalto
Que acaba
Onde o morro principia

A importância do ensino religioso na educação

Este tema é bastante interessante para a discussão entre professores, diretores pedagógicos de instituições de ensino e estudiosos na área da educação. Muito pelo contrário, estamos, todos nós, envolvidos na dinâmica educacional como sujeitos sociais, já que formamos um conjunto de sociabilidade, que envolve o constante processo de educação entre crianças, jovens, adultos e idosos.
É preciso entender que educação é um conceito inerente ao ser humano e a sua disposição de percepção do mundo e dos valores de outras pessoas e todas as vivências sociais e culturais que transitam nos relacionamentos interpessoais em uma sociedade. Bem diferente da idéia de educação que sempre tivemos em que o conceito foi reduzido a uma prática que repassa conteúdos de diversas disciplinas para um grupo de pessoas entre quatro paredes, sabe-se que essa estrutura se refere à condição de mercadoria da educação, que se transformaram as práticas educacionais.
Quando se vende a educação, vendem-se apostilas, livros didáticos, fardamento, material escolar, as horas de aulas dos professores e toda a estrutura física do colégio. O ensino público, de hoje, é uma conseqüência do que sobra desse sistema. Prestemos atenção na expressão: “o que sobra”. Percebemos que não ocorre a venda da educação, mas acontece a distorção dos fatos ou a dissimulação de um ensino que quer mostrar para a sociedade que é de qualidade, com a ajuda da mídia governamental, porém que esconde interesses políticos.
A educação no nosso país reflete nossa sociedade e vice-versa. Muitos não sabem que os valores de cidadania, deveres e responsabilidades sociais, respeito ao próximo, a busca da vivência da fé que esteja de acordo com a consciência do grupo, o desenvolvimento afetivo-cognitivo e emocional são formas de educação. É a educação integral, que visa o amadurecimento integrante e sempre inacabado do homem e da mulher.
Esse processo gradativo da educação é prioridade dos pais. É dentro das famílias que a importância da educação é mais esperada, pois os valores que são assimilados pelos filhos, quando pequenos, são as engrenagens principais norteadoras para o desenvolvimento equilibrado do indivíduo e da sociedade. Não é a escola a grande responsável pelo desenvolvimento educacional das crianças. E por essa afirmação, não se pode justificar sua ineficiência, frente a um contexto cultural pós-moderno massacrante, que visa o lucro desenfreado, as modas e a fugacidade dos estilos de vida. Deve haver uma complementaridade dos dois pólos, escola e família, para ajudar na construção de consciências sociais e pessoais sadias.
Nesse contexto, quero ressaltar que valores se referem ao que temos de mais pessoal, de mais precioso e que levaremos até o fim da nossa vida, para semearmos o amor e a concórdia. O ensino religioso sério e coerente proporciona os mecanismos para ajudar crianças e adolescentes a desenvolverem suas potencialidades pessoais, a convivência sadia com o próximo e principalmente, a vida interior com Deus, nosso pai e criador de todas as coisas.
Há algum tempo, o ensino religioso foi perdendo sua importância nos estabelecimentos de ensino primário e fundamental. Hoje, de acordo com o sistema de ensino, ficou facultativo o ensino nas salas de aula dessa disciplina. Os órgãos gestores administrativos e educacionais estão proliferando a idéia do estado laico, onde nas escolas e faculdades não será permitido mencionar conteúdos de determinada religião ou exibir imagens, quadros ou frases que remetem a expressão religiosa. Percebe-se, com essa atitude, o empobrecimento da cultura e do conhecimento do que é ser religioso, ou seja, da noção de sermos religados a Deus.
O ensino religioso não se limita em catequizar somente. O professor, o mestre dessa disciplina tem que ser consciente do seu papel como cristão batizado, que possui a capacidade de ensinar com a vida os valores do evangelho, as experiências próprias de fé, que enriqueçam a vida das crianças e adolescentes. É o ensino que não passa, mas marca a vida de quem apreende e percebe o afloramento de verdadeiros valores durante as fases da vida, no que se refere ao sentido do sagrado, do humano e do social.
A criatividade no aprendizado é fundamental. Falar de Deus não é o bastante, mas indicar Deus, mostrar com simplicidade, através de instrumentos e recursos pedagógicos a essência do ser humano proporciona a descoberta da verdade, dos valores eternos, que constrói homens e mulheres cientes do seu papel de cristãos e cidadãos.
Devemos começar a discutir com bastante “clareza” o que significa as expressões e sua vivência na sociedade atual: DEUS, FAMÍLIA, EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E VALORES.

Edmilton de Almeida Lima
Postulante do Instituto Religioso Nova Jerusalém e bacharel em Ciências Sociais

terça-feira, 19 de outubro de 2010

HALLEL 2010 - Diego Fernandes (Partipação especial de Romildo!)

Segue abaixo um dos vídeos do HALLEL FORTALEZA - 2010
Diego Fernandes canta "Dança do avivamento" com nosso irmão Romildo, membro do conselho diocesano da RCC e coordenador do HALLEL FORTALEZA.



segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Gabriel Chalita fala sobre posição de Dilma com relação ao aborto

Queridos irmãos,
Gostaria de compartilhar o vídeo abaixo (sem pretensão alguma de apoiar ou criticar este ou aquele candidato, apenas com o desejo de cada um forme sua própria opinião) em que o deputado federal eleito, Gabriel Chalita fala sobre a posição de Dilma sobre o aborto.
Para quem não conhece, Chalita é apresentador da Canção Nova e foi um dos deputados mai bem votados do país. Vejamos o que ele tem a dizer sobre esta questão. Não temos conhecimento se sua posição tem o apoio da Comunidade e como está seu relacionamento com a mesma, visto que, em vídeos recentes, a própria CN tem se manifestado claramente contra o PT.
Repito que não visamos com este vídeo influenciar, mas, apenas, mostrar uma outra versão, a fim de que os irmãos possam ter mais parâmetros para definir suas opiniões.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

RELIGIÃO E SOCIEDADE DE CONSUMO

Segue abaixo um excelente texto de nosso irmão Ronaldo José de Sousa (Co-Fundador da Comunidade Remidos-Paraíba, professor universitário e doutor em sociologia)
Religião e sociedade de consumoExe

O Brasil na Missão Continental

Leia abaixo o documento de n.º 88, da CNBB, sobre O Brasil e a Missão Continental.
(O texto está em formato livro online. Você pode lê-lo direto na tela de seu computador)

O Brasil na missão continental

METAFÍSICA E RELIGIÃO NA EXPERIÊNCIA PÓS-MODERNA

Olá, irmãos.
Segue abaixo um texto filosófico que reflete a questão do fenômeno religioso em nossa esperiência pós-moderna. Vale a pena conferir.



Em Jesus e Maria.
Elvis Rodrigues
(MP/CE)

METAFÍSICA E RELIGIÃO NA EXPERIÊNCIA PÓS-MODERNA

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

EU VOS EXPLICO A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

Leia abaixo o documento do entao Cardeal Ratzinger, nosso atual papa Bento XVI, onde ele trata a questão da Teologia da Libertação. 
"EU VOS EXPLICO A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO"
Por Card. Joseph Ratzinger
Tradução: d. Estêvão Bettencourt
Fonte: Rev. Pergunte e Responderemos (1984)

Para esclarecer a minha tarefa e a minha intenção, com relação ao tema, parecem-me necessárias algumas observações preliminares:
A teologia da libertação é fenômeno extraordinariamente complexo. É possível formar-se um conceito da teologia da libertação segundo o qual ela vai das posições mais radicalmente marxistas até aquelas que propõem o lugar apropriado da necessária responsabilidade do cristão para com os pobres e os oprimidos no contexto de uma correta teologia eclesial, como fizeram os documentos do CELAM, de Medellín a Puebla. Neste nosso texto, usaremos o conceito “teologia da libertação” em sentido mais restrito: sentido que compreende apenas aqueles teólogos que, de algum modo, fizeram própria a opção fundamental marxista. Mesmo aqui existem, nos particulares, muitas diferenças que é impossível aprofundar nesta reflexão geral. Neste contexto posso apenas tentar pôr em evidência algumas linhas fundamentais que, sem desconhecer as diversas matrizes, são muito difundidas e exercem certa influência mesmo onde não existe teologia da libertação em sentido estrito.
Com a análise do fenômeno da teologia da libertação torna-se manifesto um perigo fundamental para a fé da Igreja. Sem dúvida, é preciso ter presente que um erro não pode existir se não contém um núcleo de verdade. De fato, um erro é tanto mais perigoso quanto maior for a proporção do núcleo de verdade assumida. Além disso, o erro não se poderia apropriar daquela parte de verdade, se essa verdade fosse suficientemente vivida e testemunhada ali onde é o seu lugar, isto é, na fé da Igreja. Por isso, ao lado da demonstração do erro e do perigo da teologia da libertação, é preciso sempre acrescentar a pergunta: que verdade se esconde no erro e como recuperá-la plenamente?

A teologia da libertação é um fenômeno universal sob três pontos de vista:
a) Essa teologia não pretende constituir-se como um novo tratado teológico ao lado dos outros já existentes; não pretende, por exemplo, elaborar novos aspectos da ética social da Igreja. Ela se concebe, antes, como uma nova hermenêutica da fé cristã, quer dizer, como nova forma de compreensão e de realização do cristianismo na sua totalidade. Por isto mesmo, muda todas as formas da vida eclesial: a constituição eclesiástica, a liturgia, a catequese, as opções morais;
b) A teologia da libertação tem certamente o seu centro de gravidade na América Latina, mas não é, de modo algum, fenômeno exclusivamente latino-americano. Não se pode pensá-la sem a influência determinante de teólogos europeus e também norte-americanos. Além do mais, existe também na Índia, no Sri Lanka, nas Filipinas, em Taiwan, na África - embora nesta última esteja em primeiro plano a busca de uma “teologia africana”. A união dos teólogos do Terceiro Mundo é fortemente caracterizada pela atenção prestada aos temas da teologia da libertação;
c) A teologia da libertação supera os limites confessionais. Um dos mais conhecidos representantes da teologia da libertação, Hugo Assman, era sacerdote católico e ensina hoje como professor em uma Faculdade protestante, mas continua a se apresentar com a pretensão de estar acima das fronteiras confessionais. A teologia da libertação procura criar, já desde as suas premissas, uma nova universalidade em virtude da qual as separações clássicas da Igreja devem perder a sua Importância.

I. O Conceito de Teologia da Libertação e os Pressupostos de sua Gênese
Essas observações preliminares, entretanto, já nos introduziram no núcleo do tema. Deixam aberta, porém, a questão principal: o que é propriamente o teologia da libertação? Em uma primeira tentativa de resposta, podemos dizer: a teologia da libertação pretende dar nova interpretação global do Cristianismo; explica o Cristianismo como uma práxis de libertação e pretende constituir-se, ela mesma, um guia para tal práxis. Mas assim como, segundo essa teologia, toda realidade é política, também a libertação é um conceito político e o guia rumo à libertação deve ser um guia para a ação política. “Nada resta fora do empenho político. Tudo existe com uma colocação política” (Gutierrez). Uma teologia que não seja “prática (o que significa dizer “essencialmente política”) é considerada “idealista” e condenada como irreal ou como veículo de conservação dos opressores no poder.
Para um teólogo que tenha aprendido a sua teologia na tradição clássica e que tenha aceitado a sua vocação espiritual, é difícil imaginar que seriamente se possa esvaziar a realidade global do Cristianismo em um esquema de práxis sócio-político de libertação. A coisa é, entretanto, mais difícil, já que os teólogos da libertação continuam a usar grande parte da linguagem ascética e dogmática da Igreja em clave nova, de tal modo que aqueles que lêem e que escutam partindo de outra visão, podem ter a impressão de reencontrar o patrimônio antigo com o acréscimo apenas de algumas afirmações um pouco estranhas mas que, unidos a tanta religiosidade, não poderiam ser tão perigosas.
Exatamente a radicalidade da teologia da libertação faz com que a sua gravidade não seja avaliada de modo suficiente; não entra em nenhum esquema de heresia até hoje existente. A sua colocação, já de partida, situa-se fora daquilo que pode ser colhido pelos tradicionais sistemas de discussão. Por isto tentarei abordar a orientação fundamental da teologia da libertação em duas etapas:
Primeiramente é necessário dizer algo acerca dos pressupostos que a tornaram possível; a seguir, desejo aprofundar alguns dos conceitos base que permitem conhecer algo da estrutura da teologia da libertação.
Como se chegou a esta orientação completamente nova do pensamento teológico, que se exprime na teologia da libertação? Vejo principalmente três fatores que a tornaram possível:
Após o Concílio Vaticano II, produziu-se uma situação teológica nova:
a) Surgiu a opinião de que a tradição teológica existente até então não era mais aceitável e, por conseguinte, se deviam procurar, a partir da Escritura e dos sinais dos tempos, orientações teológicas e espirituais totalmente novas;
b) A idéia de abertura ao mundo e de compromisso no mundo transformou-se freqüentemente em uma fé ingênua nas ciências; uma fé que acolheu as ciências humanas como um novo evangelho, sem querer reconhecer os seus limites e problemas próprios. A psicologia, a sociologia e a interpretação marxista da história foram considerados como cientificamente seguras e, a seguir, como instâncias não mais contestáveis do pensamento cristão;
c) A critica da tradição por parte da exegese evangélica moderna, especialmente a de Bultmann e da sua escola, tornou-se uma instância teológica inamovível que barrou a estrada às formas até então válidas da teologia, encorajando assim também novas construções.
A situação teológica assim transformada coincidiu com uma situação da historia espiritual também ela modificada. Ao final da fase de reconstrução após a segunda guerra mundial, fase que coincidiu pouco mais ou menos com o término do Concilio, produziu-se no mundo ocidental um sensível vazio de significado, ao qual a filosofia existencialista ainda em voga não estava em condições de dar alguma resposta. Nesta situação, as diferentes formas do neo-marxismo transformaram-se em um impulso moral e, ao mesmo tempo, em uma promessa de significado que parecia quase irresistível à juventude universal. O marxismo, com as acentuações religiosas de Bloch e as filosofias dotadas de rigor científico de Adorno, Horkheimer, Habermas e Marcuse, ofereceram modelos de ação com os quais alguns pensadores acreditavam poder responder ao desafio da miséria no mundo e, ao mesmo tempo, poder atualizar o sentido correto da mensagem bíblica.
O desafio moral da pobreza e da opressão não se podia mais ignorar, no momento em que a Europa e a América do Norte atingiam uma opulência até então desconhecida. Este desafio exigia evidentemente novas respostas, que não se podiam encontrar na tradição existente até aquele momento. A situação teológica e filosófica mudada convidava expressamente a buscar o resposta em um cristianismo que se deixasse regular pelos modelos da esperança, aparentemente fundados cientificamente, das filosofias marxistas.

II. A Estrutura Gnosiológica Fundamental do Teologia do Libertação
Esta resposta se apresenta totalmente diversa nas formas particulares de teologia da libertação: teologia da evolução, teologia política, etc. Não pode, pois, ser apresentada globalmente.
Existem, no entanto, alguns conceitos fundamentais que se repetem continuamente nas diferentes variações e exprimem comuns intenções de fundo. Antes de passar aos conceitos fundamentais do conteúdo, é necessário fazer uma observação acerca dos elementos estruturais da teologia da libertação.
Para tal, podemos retomar o que já afirmamos acerca da situação teológica mudada após o Concilio. Como já disse, leu-se a exegese de Bultmann e da sua escola como um enunciado da “ciência” sobre Jesus, ciência que devia obviamente ser considerado como válida. O “Jesus histórico” de Bultmann, entretanto, apresentava-se separado por um abismo (o próprio Bultmann fala de Gräben, fosso) do Cristo da fé. Segundo Bultmann, Jesus pertence aos pressupostos do Novo Testamento, permanecendo, porém, encerrado no mundo do judaísmo. O resultado final dessa exegese consistiu em abalar a credibilidade histórica dos Evangelhos: o Cristo da tradição eclesial e o Jesus histórico apresentado pela ciência pertencem evidentemente a dois mundos diferentes. A figura de Jesus foi erradicada da sua colocação na tradição por ação da ciência, considerada como instância suprema; deste modo, por um lado, a tradição pairava como algo de irreal no vazio, e, por outro, devia-se procurar para a figura de Jesus uma nova interpretação e um novo significado.
Bultmann, portanto, adquiriu importância não tanto pelas suas afirmações positivas quanto pelo resultado negativo da sua crítica: o núcleo da fé, a cristologia, permaneceu aberto a novas interpretações porque os seus enunciados originais tinham desaparecido, na medida em que eram considerados historicamente insustentáveis. Ao mesmo tempo desautorizava-se o magistério da Igreja, na medida em que o consideravam preso a uma teoria cientificamente insustentável e, portanto, sem valor como instância cognoscitiva sobre Jesus. Os seus anunciados podiam ser considerados somente como definições frustradas de uma posição cientificamente superada.
Além disso, Bultmann foi importante para o desenvolvimento posterior de uma segunda palavra-chave. Ele trouxe à moda o antigo conceito de hermenêutica, conferindo-lhe uma dinâmica nova. Na palavra “hermenêutica” encontra expressão a idéia de que uma compreensão real dos textos históricos não acontece através de uma mera interpretação histórica; mas toda interpretação histórica inclui certas decisões preliminares. A hermenêutica tem a função de “atualizar”, em conexão com a determinação de dado histórico. Nela, segundo a terminologia clássica, se trata de um “fusão dos horizontes” entre “então” [“naquele tempo”] e o “hoje”. Por conseguinte, ela suscita a pergunta: o que significa o então (“naquele tempo”) nos dias de hoje?
O próprio Bultmann respondeu a esta pergunta servindo-se da filosofia de Heidegger e interpretou, deste modo, a Bíblia em sentido existencialista. Tal resposta, hoje, não apresenta mais algum interesse; neste sentido Bultmann foi superado pela exegese atual. Mas permaneceu a separação entre a figura de Jesus da tradição clássica e a idéia de que se pode e se deve transferir essa figura ao presente, através de uma nova hermenêutica.
A este ponto, surge o segundo elemento, já mencionado, da nossa situação: o novo clima filosófico dos anos sessenta. A análise marxista do história e da sociedade foi considerada, nesse ínterim, como a única dotada de caráter “cientifico”, isto significa que o mundo é interpretado à luz do esquema da luta de classes e que a única escolha possível é entre capitalismo e marxismo. Significa, além disso, que toda a realidade é política e que deve ser justificada politicamente.
O conceito bíblico do “pobre” oferece o ponto de partida para a confusão entre a imagem bíblica da história e a dialética marxista; esse conceito é interpretado com a idéia de proletariado em sentido marxista e justifica também o marxismo como hermenêutica legitima para a compreensão da Bíblia. Ora, Segundo essa compreensão, existem, e só podem existir, duas opções; por isso, contradizer essa interpretação da Bíblia não é senão expressão do esforço da classe dominante para conservar o próprio poder. Gutierrez afirma: “A luta de classes é um dado de fato e a neutralidade acerca desse ponto é absolutamente impossível”. A partir dai, torna-se impossível até a intervenção do magistério eclesiástico: no caso em que este se opusesse a tal interpretação do Cristianismo demonstraria apenas estar ao lado dos ricos e dos dominadores e contra os pobres e os sofredores, isto é, contra o próprio Jesus, e, na dialética da história, aliar-se-ia à parte negativa.
Essa decisão, aparentemente “científica” e “hermeneuticamente” indiscutível, determina por si o rumo da ulterior interpretação do Cristianismo, seja quanto às instancias interpretativas, seja quanto aos conteúdos interpretados.
No que diz respeito as instâncias interpretativas, os conceitos decisivos são: povo, comunidade, experiência, história. Se até então a Igreja, isto é, a Igreja Católica na Sua totalidade, que, transcendendo tempo e espaço, abrange os leigos (sensus fidei) e a hierarquia (magistério), fora a instância hermenêutica fundamental, hoje tornou-se a “comunidade” tal instância. A vivência e as experiências da comunidade determinam agora a compreensão e a interpretação da Escritura.
De novo pode-se dizer, aparentemente de maneira muito científica, que a figura de Jesus, apresentada nos Evangelhos, constitui uma síntese de acontecimentos e interpretações da experiência de comunidades particulares, onde no entanto a interpretação é muito mais importante do que o acontecimento, que, em si, não é mais determinável.
Essa síntese original de acontecimento e interpretação pode ser dissolvida e reconstruída sempre de novo: a comunidade “interpreta” com a sua “experiência” os acontecimentos e encontra assim sua “práxis”. Esta idéia, podemos encontrá-la em modo um tanto diverso do conceito de povo, com o qual se transformou a acentuação conciliar da idéia de “povo de Deus” em mito marxista. As experiências do “povo” explicam a Escritura. “Povo” torna-se assim um conceito oposto ao de “hierarquia” e em antítese a todas as instituições indicadas como forças da opressão.
Afinal, é “povo” quem participa da “luta de classes”; a “igreja popular” acontece em oposição à Igreja hierárquica. Por fim, o conceito de “história” torna-se instância hermenêutica decisiva. A opinião, considerada cientificamente segura e irrefutável, de que a Bíblia raciocine em termos exclusivamente de história da salvação, e portanto de maneira anti-metafísica, permite a fusão do horizonte bíblico com a idéia marxista da história que procede dialeticamente como autêntica portadora de salvação; a história é a autêntica revelação e, portanto, a verdadeira instância hermenêutica da interpretação bíblica.
Tal dialética é apoiada, algumas vezes, pela pneumatologia. Em todo caso, também esta última, no magistério que insiste em verdades permanentes, vê uma instância inimiga do progresso, dado que pensa “metafisicamente” e assim contradiz a “história”. Pode-se dizer que o conceito de história absorve o conceito de Deus e de revelação. A “historicidade” da Bíblia deve justificar o seu papel absolutamente predominante e, portanto, deve legitimar, ao mesmo tempo, a passagem para a filosofia materialista-marxista, na qual a história assumiu a função de Deus.

III. Conceitos Fundamentais da Teologia da Libertação
Com isto, chegamos aos conceitos fundamentais do conteúdo da nova interpretação do Cristianismo. Uma vez que os contextos nos quais aparecem os diversos conceitos são diferentes, gostaria de citar alguns deles, sem a pretensão de esquematizá-los.
Comecemos pela nova interpretação da fé, da esperança e da caridade. Com relação a fé, por exemplo, J. Sobrinho afirma: a experiência que Jesus tem de Deus é radicalmente histórica. “A sua fé converte-se em fidelidade”. Por isso Sobrinho substitui fundamentalmente a fé pela “fidelidade à história” (fidelidad a la historia, 143-144). Jesus é fiel à profunda convicção de que o mistério da vida do homem … é realmente o último … (144). Aqui produz-se aquela fusão entre Deus e história que dá a Sobrinho a possibilidade de conservar para Jesus a fórmula de Calcedônia, ainda que com um sentido completamente mudado; pode-se ver como os critérios clássicos da ortodoxia não são aplicáveis à análise dessa teologia, Ignacio Ellacuria, na capa do livro sobre este assunto, afirma: Sobrinho “diz de novo … que Jesus é Deus, acrescentando, porém, imediatamente, que o Deus verdadeiro é somente aquele que se revela historicamente em Jesus e nos pobres, que continuam a sua presença. Somente quem mantém unidas essas duas afirmações, é ortodoxo …“.
A esperança é interpretada como “confiança no futuro” e como trabalho pelo futuro; com isso ela é subordinada novamente ao predomínio da história das classes.
“Amor” consiste na “opção pelos pobres”, isto é, coincide com a opção pela luta de classes.
Os teólogos da libertação sublinham com força, diante do “falso universalismo”, a parcialidade e o caráter partidário da opção cristã; tomar partido é, segundo eles, requisito fundamental de uma correta hermenêutica dos testemunhos bíblicos. Na minha opinião, aqui se pode reconhecer muito claramente a mistura entre uma verdade fundamental do Cristianismo e uma opção fundamental não cristã, que torna o conjunto tão sedutor: o sermão da montanha é, na verdade, a escolha por parte de Deus a favor dos pobres. Mas a interpretação dos pobres no sentido da dialética marxista da história e a interpretação da escolha partidária no sentido da luta de classes é um salto “eis allo genos” (grego: para outro gênero), no qual as coisas contrarias se apresentam como idênticas.
O conceito fundamental da pregação de Jesus é o de “reino de Deus”. Este conceito encontra-se também no centro das teologia da libertação, lido porém no contexto da hermenêutica marxista. Segundo J. Sobrinho, o reino não deve ser compreendido espiritualmente, nem universalmente, no sentido de uma reserva escatologicamente abstrata. Deve ser compreendido em forma partidária e voltado para a práxis. Somente a partir da práxis de Jesus, e não teoricamente, é possível definir o que seria o reino: trabalhar na realidade histórica que nos circunda para transformá-la no reino (166).
Aqui ocorre mencionar também uma idéia fundamental de certa teologia pós-conciliar que impulsionou nessa direção. Muitos apregoaram que, segundo o Concílio, se deveriam superar todas as formas de dualismo: o dualismo de corpo e alma, de natural e sobrenatural, de imanência e transcendência, de presente e futuro. Após o desmantelamento desses dualismos, resta apenas a possibilidade de trabalhar por um reino que se realize nesta história e em sua realidade político-econômica.
Mas justamente dessa forma deixou-se de trabalhar pelo homem de hoje e se começou a destruir o presente, a favor de um futuro hipotético: assim produziu-se imediatamente o verdadeiro dualismo.
Neste contexto gostaria de mencionar também a interpretação, impressionante e definitivamente espantosa, que Sobrinho dá da morte e da ressurreição. Antes do mais, ele estabelece, contra as concepções universalistas, que a ressurreição é, em primeiro lugar, uma esperança para aqueles que são crucificados; estes constituem a maioria dos homens: todos aqueles milhões aos quais a injustiça estrutural se impõe como uma lenta crucifixão (176 e seguintes).
O crente, no entanto, participa também do senhorio de Jesus sobre a história, através da edificação do reino, isto é, na luta pela justiça e pela libertação integral, na transformação das estruturas injustas em estruturas mais humanas. Esse senhorio sobre a história é exercitado ao se repetir o gesto de Deus que ressuscita Jesus, isto é, dando novamente vida aos crucificados da história (181). O homem assumiu o gesto de Deus e aqui a transformação total da mensagem bíblica se manifesta de maneira quase trágica, se se pensa em como essa tentativa de imitação de Deus se desenvolveu e se desenvolve ainda.
Gostaria de citar apenas alguns outros conceitos: o êxodo se transforma em uma imagem central da história da salvação; o mistério pascal é entendido como um símbolo revolucionário e, portanto, a Eucaristia é interpretada como uma festa de libertação no sentido de uma esperança político-messiânica e da sua práxis.
A palavra redenção é substituída geralmente por libertação, a qual, por sua vez, é compreendida, no contexto da história e da luta de classes, como processo de libertação que avança, por fim, é fundamental também a acentuação da práxis: a verdade não deve ser compreendido em sentido metafísico; trata-se de “idealismo”. A verdade realiza-se na história e na práxis. A ação é a verdade.
Por conseguinte, também as idéias que se usam para ação, em última instância são intercambiáveis. A única coisa decisiva é a práxis. A práxis torna-se, assim, o única e verdadeira ortodoxia. Desta forma justifica-se um enorme afastamento dos textos bíblicos: a crítica histórica liberta da interpretação tradicional, que aparece como não-científica.
Com relação à tradição, atribui-se importância ao máximo rigor cientifico na linha de Bultmann. Mas os conteúdos da Bíblia, determinados historicamente, não podem, por sua vez, ser vinculantes de modo absoluto. O instrumento para a interpretação não é, em última análise, a pesquisa histórica, mas, sim, a hermenêutica da história, experimentada na comunidade, isto é, nos grupos políticos, sobretudo dado que a maior parte dos próprios conteúdos bíblicos deve ser considerada como produto de tal hermenêutica comunitária.
Quando se tenta fazer um julgamento geral, deve-se dizer que, quando alguém procura compreender as opções fundamentais da teologia da libertação não pode negar que o conjunto contém uma lógica quase incontestável. Com as premissas da critica bíblica e da hermenêutica fundada na experiência, de um lado, e da análise marxista da história, de outro, conseguiu-se criar uma visão de conjunto do cristianismo que parece responder plenamente tanto às exigências da ciência, quanto aos desafios morais dos nossos tempos. E, portanto, impõe-se aos homens de modo imediato o tarefa de fazer do Cristianismo um instrumento da transformação concreta do mundo, o que pareceria uni-lo a todas as forças progressistas da nossa época.
Pode-se, pois, compreender como esta nova interpretação do Cristianismo atraia sempre mais teólogos, sacerdotes e religiosos, especialmente no contexto dos problemas do terceiro mundo. Subtrair-se a ela deve necessariamente aparecer aos olhos deles como uma evasão da realidade, como uma renúncia à razão e à moral.
Porém, de outra parte, quando se pensa o quanto seja radical a interpretação do Cristianismo que dela deriva, torna-se ainda mais urgente o problema do que se possa e se deva fazer frente a ela.
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Comentários de D. Estevão Bittencourt: À guisa de comentário, parece oportuno salientar os seguintes pontos:
1) A Teologia da Libertação não é um novo tratado teológico ao lado de outros já existentes, mas é uma nova interpretação do Cristianismo, que revira radicalmente as verdades da fé, a constituição da Igreja, a Liturgia, a catequética e as opções morais.
2) Todos os valores e toda a realidade são considerados do ponto de vista político. Uma teologia que não seja essencialmente política, é encarada como fator de conservação dos apressares no poder.
3) A dificuldade de se perceber esse caráter subversiva da Teologia da Libertação está, em grande parte, no fato de que os seus arautos continuam a usar a linguagem ascética e dogmática da Igreja, embora em chave nova. Isto dá aos observadores a impressão de que estão diante do patrimônio da fé acrescido de algumas afirmações religiosas que não podem ser perigosas.
4) A gravidade da Teologia da Libertação não é suficientemente avaliada; não entra em nenhum esquema de heresia até hoje existente.
5) O cristão não pode ser, de forma alguma, insensível à miséria dos povos do Terceiro Mundo. Todavia, para acudir cristãmente a tal situação, não lhe é necessário adotar um sistema de pensamento que é anticristão como a Teologia da Libertação; existe a doutrina social da Igreja, desenvolvida pelos Papas desde Leão XIII até João Paulo II de maneira cada vez mais incisiva e penetrante. Se fosse posta em prática, eliminaria graves males de que sofrem os homens, sem disseminar o ódio e a luta de classes.

Para citar este artigo:
CARD., Joseph Ratzinger. Apostolado Veritatis Splendor: "EU VOS EXPLICO A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO