Busca

Siga-nos

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Vídeo em homenagem ao 60º aniversário sacerdotal do Papa Bento XVI

No dia 29 de junho deste ano, o Papa Bento XVI completou 60 anos de vida sacerdotal.
Veja o vídeo preparado em sua homenagem.

Jovens de se despedem do Papa, Madri, na JMJ.
A brasileira, Gisele, da Comunidade Shalom, faz o agradeciemento.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O corpo atrapalha quem quer ser santo?


Viajar de avião é uma barra! De cereal, é verdade, mas é uma barra! Ainda mais porque não se entende bem os letreiros de indicação. Onde está escrito push não é para puxar, mas para empurrar. Onde está escrito pull não é para pular, mas para puxar. E onde está escrito exit não é para hesitar, mas para pular.

Porém, hoje em dia não há outro jeito. Por causa da praticidade, é necessário relevar o pouco conforto da classe econômica das companhias aéreas, pedir a intercessão de todos os santos Dumont e encarar a viagem. Mesmo Deus, quando quis comunicar uma mensagem a Davi, enviou o profeta Natam.

No meu caso, tenho ainda que superar o temor. Morro de medo de avião. Por causa disso, só vou ao banheiro de uma aeronave em último caso, porque fico pensando que se eu morrer nessas condições, vou me sentir muito constrangido quando chegar ao céu. Lá muita gente vai se encontrar e, certamente, um vai querer saber do outro como foi que cada um morreu. Imagino alguém dizendo: “Morri num campo de batalha, defendendo meu país”. E outro: “Morri no seio de minha família, aconselhando os meus filhos”. E ainda outro: “Morri nos braços da pessoa que amava”. E eu? O que direi? Seria muito constrangedor apresentar-se com um rolo de papel higiênico na mão, anunciando o lugar onde estava quando o avião caiu.

Numa dessas viagens, entretanto, não agüentei e fui ao banheiro do avião. Talvez a falta de costume tenha contribuído para que eu me esquecesse de travar a porta. Não é que mais alguém achou de ir ao toalete justamente quando eu estava lá! Era um homem alto, mais alto do que eu. Mais forte também. Lembro-me bem de sua fisionomia. Ah! Como me lembro! Vestia um elegante terno preto e tinha aspecto de autoridade.

Quando aquele sujeito empurrou a porta, nunca me senti tão exposto. Sua aparência fez com que ressoasse em minha mente aquela musiqueta que caracteriza a ação do Batman. Só compreende plenamente essa situação quem já passou por algo semelhante. Aqueles segundos são eternos! Ninguém sabe o que colocar no meio daquele entreolhar repleto de constrangimento. Se sou eu no lugar dele, provavelmente diria: “Jesus te ama!” e fecharia a porta imediatamente. Mas daquele sujeito só saiu um forçado “desculpe-me” que não amenizou em nada a situação. E o pior foi ter que passar por ele no corredor do avião.

Mas aquele episódio desagradável me fez pensar seriamente sobre a condição do homem em relação ao seu próprio corpo. Mesmo que se considere o aspecto cultural, não há como negar que a nudez constrange porque o corpo é pessoa. O corpo não é algo que escapa ao indivíduo, mas é parte constitutiva dele. Isso significa que não se pode conceber uma pessoa sem sua dimensão física. De maneira que uma perfeita autodefinição exige que se assuma a corporeidade plenamente, sem preconceitos em relação a ela.

Conheço pessoas que preferiam não ter corpo. Acham que viveriam melhor sem os limites e as tendências de sua condição física. Tratam o próprio corpo de uma maneira muito perigosa: dissociado de si. Outros, pelo mesmo motivo, não se importam de expor o corpo demasiadamente, deixando de lado não só o pudor como a própria sobriedade e discrição. Essa atitude reflete o entendimento que têm a respeito de si mesmos, pois consideram o corpo como uma propriedade a ser usada conforme as decisões que tomam.

Mas o maior equívoco talvez seja o daqueles que consideram o corpo como algo desordenado à santidade. O corpo e sua constituição, seus limites e fraquezas e até suas tendências sexuais contribuem para a busca da santidade. Ele induz o homem a reconhecer sua condição humana. A força sexual que nele está presente é fundamental, por exemplo, para a constituição da família e até para a busca pelo relacionamento, ajudando a retirar o homem de seu próprio fechamento.

Alguns aspectos culturais presentes na sociedade, cada vez mais hedonista e erotizada, fazem pensar que a constituição física do ser humano não contribui com quem quer ser santo e renunciar aos prazeres desse mundo. Um olhar evangélico sobre a pessoa leva a perceber que a obra prima da criação de Deus – o homem e a mulher – é maravilhosa em todos os seus aspectos.

O pecado fez decair o corpo. Mas ele também foi redimido e reordenado à santidade. É suficiente tê-lo em conta de parceiro e não de inimigo, mesmo que para isso seja necessário impor-lhe alguns limites. Para que “tudo aquilo que sois – espírito, alma, corpo – seja conservado sem mancha alguma para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5,3). Descobri isso no avião, mas confesso que preferia ter descoberto de outra maneira.

Ronaldo José de Sousa
Formador Geral da Comunidade Remidos no Senhor

Mudar de cara! Mudar de vida!

Há algum tempo venho observando como o conceito de “mudança” está sendo tratado nos meios de comunicação, sobretudo nos programas de auditório que vão ao ar nas tardes de domingo. Refiro-me às vezes em que os apresentadores escolhem uma pessoa comum – normalmente pobre, feia e maltratada – e lhes oferecem alguns benefícios estéticos, prometendo-lhes vida nova. Seguem-se sessões de cabeleireiro, massagem, lipoaspiração, maquiagem e até pequenas cirurgias plásticas que visam transformar a pessoa.

Depois de um bom “banho de loja”, a sortuda é apresentada ao palco como “nova”, arrancando os aplausos e a admiração do auditório. Para realçar, coloca-se um “antes e depois”, em que se escolhe a pior e a melhor foto.

Tomei um susto quando, num desses programas, a filha de uma felizarda exclamou: “Ela nasceu de novo!”. Essa frase explicitou a ideologia que está por trás desses quadros e que se alastra assustadoramente no mundo contemporâneo: a idéia de que mudando a aparência, muda-se a pessoa.

De acordo com essa mentalidade, mudar de cara é mudar de vida. Por isso, não é incomum ver pessoas alimentando sonhos de melhor adequar-se ao padrão de beleza atual, corrigindo algum defeito estético, implantando silicone ou simplesmente tornando-se mais apresentável. A motivação é quase sempre a mesma: mudar de vida. Nas novelas, multiplicam-se as personagens que “dão a volta por cima” através de uma mudança exterior. Com ela, tentam se livrar da frustração de um casamento mal sucedido, vencer a dor de uma traição ou adquirir visibilidade social. Numa palavra: buscam recuperar a autoestima, ou seja, sua própria dignidade como pessoa.

Não há como deixar de denunciar essa ilusão que está sendo criada. Ela comporta um risco imenso: o de que as pessoas pensem que é suficiente mudar a aparência para mudar de vida. Na verdade, não creio que os produtores desses programas levem isso ao ar de forma inocente, sem nenhuma intenção ideológica. O conteúdo desses quadros traduz a tendência atual de tratar as coisas com superficialidade, fugindo de toda consideração séria e aprofundamento das questões cruciais que envolvem a pessoa humana.

Promover uma mudança superficial era o que queria Nicodemos, aquele que se encontrou com Jesus na calada da noite. Ele perguntou ao Mestre: “Como pode um homem renascer sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer de novo?” (Jo 3,4). Note-se que a mentalidade de Nicodemos era carnal. Foi contra ela que Jesus investiu: “Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá ver o Reino de Deus” (Jo 3, 5).

Mudar é realmente necessário. Mas a forma de faze-lo não pode se reduzir a alguns rebocos estéticos. A pessoa que não considerar isso com profundidade, pode estar caindo num grande precipício, ou seja, pode estar se deixando envolver por uma ideologia que a trata como corpo e não como pessoa. Sua frustração será ainda maior quando descobrir que seus esforços foram insuficientes para trazer-lhe auto afirmação.

Infelizmente, a TV não mostra os resultados subseqüentes de toda essa “transformação”. Para falar a verdade, eu também não gostaria de vê-los. Deve ser decepcionante que alguém seja recebido em seu meio social, totalmente novo por fora, mas o mesmo velho homem interior de sempre.

Uma mudança profunda, essa sim, é deslumbrante! Causa admiração. É resultado de uma ação discreta de Deus junto a uma ativa participação humana. Essa não se ver nos programas de domingo à tarde, mas podem ser vistas nas tardes de domingo, nos lugares em que Deus mesmo é o produtor do espetáculo da transformação.

Ronaldo José de Sousa
Consagrado de Vida e Formador Geral da Comunidade Remidos no Senhor

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Show na JMJ 2011 em Madri (Márcio Pachego, Eros e Léo)

Sinta um pouco do que está sendo a JMJ 2011, em Madri.
Acompanhe este vídeo de uma noite brasileira em Madria, com direito a show de Eros Biondini, Léo (Dominus) e Márcio Pacheco.


PAPA AOS JOVENS: COMO ALCANÇAR A VIDA EM PLENITUDE?


Em Cristo, “nada vos fará tremer e, em vosso coração, reinará a paz”
(MADRI, quinta-feira, 18 de agosto de 2011)

Bento XVI traçou para os jovens um caminho para alcançar a vida em plenitude, onde não há temor; um caminho em que nos corações reina a paz e se vivencia uma bem-aventurança que contagia os outros.

O Papa falava na Praça de Cibeles, em Madri, no discurso que dirigiu na Festa de Acolhida dos Jovens na Jornada Mundial da Juventude, no fim de tarde desta quinta-feira.

A primeira atitude que o Papa indicou aos jovens é saber ouvir as palavras de Jesus. “Há palavras que servem apenas para entreter, e passam como o vento; outras instruem, sob alguns aspectos, a mente.”

“As palavras de Jesus – prosseguiu Bento XVI –, ao invés, têm de chegar ao coração, radicar-se nele e modelar a vida inteira. Sem isso, ficam estéreis e tornam-se efêmeras; não nos aproximam d’Ele. E, deste modo, Cristo continua distante, como uma voz entre muitas outras que nos rodeiam e às quais estamos habituados.”

O Papa explicou que Jesus não ensina algo que aprendeu de outros, mas o que Ele mesmo é, o único que conhece verdadeiramente o caminho do homem para Deus.

Foi Cristo que abriu o caminho “para podermos alcançar a vida autêntica, a vida que sempre vale a pena viver em todas as circunstâncias e que nem mesmo a morte pode destruir”.

“Queridos jovens – enfatizou o Papa –, escutai verdadeiramente as palavras do Senhor, para que sejam em vós ‘espírito e vida’, raízes que alimentam o vosso ser, linhas de conduta que nos assemelham à pessoa de Cristo, sendo pobres de espírito, famintos de justiça, misericordiosos, puros de coração, amantes da paz.”

“Escutai-as frequentemente cada dia, como se faz com o único Amigo que não engana e com o qual queremos partilhar o caminho da vida.”
“Bem sabeis que, quando não se caminha ao lado de Cristo, que nos guia, extraviamo-nos por outra sendas como a dos nossos próprios impulsos cegos e egoístas, a de propostas lisonjeiras mas interesseiras, enganadoras e volúveis, que atrás de si deixam o vazio e a frustração”, disse.

O Papa indicou que os jovens aproveitem a Jornada Mundial da Juventude “para conhecer melhor a Cristo e inteirar-vos de que, enraizados n’Ele, o vosso entusiasmo e alegria, os vossos anseios de crescer, de chegar ao mais alto, ou seja, a Deus, têm futuro sempre assegurado, porque a vida em plenitude já habita dentro do vosso ser”.

“Fazei-a crescer com a graça divina, generosamente e sem mediocridade, propondo-vos seriamente a meta da santidade.”
“Perante as nossas fraquezas, que às vezes nos oprimem, contamos também com a misericórdia do Senhor, sempre disposto a dar-nos de novo a mão e que nos oferece o perdão no sacramento da Penitência”, assinalou.

Bento XVI disse que se os jovens edificarem sua vida “sobre a rocha firme”, ela “será não só segura e estável, mas contribuirá também para projetar a luz de Cristo sobre os vossos coetâneos e sobre toda a humanidade”.

Assim se mostrará “uma alternativa válida a tantos que viram a sua vida desmoronar-se, porque os alicerces da sua existência eram inconsistentes: a tantos que se contentam com seguir as correntes da moda, se refugiam no interesse imediato, esquecendo a justiça verdadeira, ou se refugiam em opiniões pessoais em vez de procurar a verdade sem adjetivos”.

O Papa advertiu que há muitos que, “julgando-se deuses, pensam que não têm necessidade de outras raízes nem de outros alicerces para além de si mesmo. Desejariam decidir, por si sós, o que é verdade ou não, o que é bom ou mau, justo ou injusto; decidir quem é digno de viver ou pode ser sacrificado nas aras de outras preferências; em cada momento dar um passo à sorte, sem rumo fixo, deixando-se levar pelo impulso de cada instante”.

“Estas tentações estão sempre à espreita. É importante não sucumbir a elas, porque na realidade conduzem a algo tão fútil como uma existência sem horizontes, uma liberdade sem Deus”, disse.

“Pelo contrário – prosseguiu o Papa –, sabemos bem que fomos criados livres, à imagem de Deus, precisamente para ser protagonistas da busca da verdade e do bem, responsáveis pelas nossas ações e não meros executores cegos, colaboradores criativos com a tarefa de cultivar e embelezar a obra da criação.”

Bento XVI recordou que Deus quer um interlocutor responsável, alguém que possa dialogar com Ele e amá-Lo. 

“Por Cristo, podemos verdadeiramente consegui-lo e, radicados n’Ele, damos asas à nossa liberdade. Porventura não é este o grande motivo da nossa alegria? Não é este um terreno firme para construir a civilização do amor e da vida, capaz de humanizar todo homem?”

O Papa convidou os jovens a serem “prudentes e sábios” e que edifiquem suas vidas “sobre o alicerce firme que é Cristo”.

“Esta sabedoria e prudência guiará os vossos passos, nada vos fará tremer e, em vosso coração, reinará a paz. Então sereis bem-aventurados, ditosos, e a vossa alegria contagiará os outros.”

“Perguntar-se-ão qual seja o segredo da vossa vida e descobrirão que a rocha que sustenta todo o edifício e sobre a qual assenta toda a vossa existência é a própria pessoa de Cristo, vosso amigo, irmão e Senhor, o Filho de Deus feito homem, que dá consistência a todo o universo”, afirmou Bento XVI.

Por Alexandre Ribeiro


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O TODO É A SOMA DAS PARTES

O TODO É A SOMA DAS PARTES
Vida em comunidade e condomínio
Por Elvis Rodrigues

Viver em condomínio, de fato, não é uma tarefa fácil. Há quem defenda, inclusive, que, idealmente, para se viver em um ambiente assim, deveria haver algum tipo de “seleção”, “entrevista”, para ver o “perfil” do novo morador e sua adequação às regras de convivência ali estabelecidas.
Até certo momento cheguei a concordar com ideias semelhantes, contudo, após mudar de condomínio e ver que os problemas são os mesmos em todos os lugares mudando apenas a proporção, dei-me conta que isto faz parte da natureza humana, o que me faz chegar a algumas reflexões.
Parece que, em certo momento da história, temos perdido o “jeito” de lidar com o outro, de conviver em sociedade e comunidade. É como se o outro humano com quem convivemos fosse um estranho ou mesmo uma ameaça e tendemos a demarcar o nosso limite como sistema de defesa. Por exemplo, se alguém andava pela rua à noite e ouvia passos de outra pessoa se aproximando, imediatamente pensava-se: “Graças a Deus, vem vindo alguém!”, porque se sabia agora acompanhado e aumentava a sensação de segurança. Hoje em dia, se, do mesmo modo, alguém está caminhando à noite pela rua e ouve os mesmos passos, de modo diferente vai pensar: “Ai meu Deus, vem vindo alguém!”.
Veja que há uma total estranheza do indivíduo para com o outro indivíduo. Agora, imagine esse conjunto de estranhezas e temores individuais e você terá um condomínio. Ou, para dizer de outro modo, teremos a figura do vizinho. Este ser que não conhecemos, não queremos conhecer e, por não conhecê-lo, chegamos a pensar que não existe.
Tanto pensamos que não existe que pensamos poder ligar o som de nossos aparelhos às alturas sem o menor receio de incomodar alguém. Por quê? Porque este “alguém” não existe! Podemos falar utilizar ferramentas ruidosas (furadeiras, martelos e congêneres) em qualquer horário, porque não pensamos mais no outro que mora ao lado (ou embaixo, acima, etc.). Tamanha é a arrogância que pode-se cair no risco de pensar subliminarmente que todo o prédio e áreas comuns (o que é comum mesmo? Lembra comunidade. Mas o que é comunidade?) foram feitos para o meu bel-prazer. Isso que é uma incorporadora que entende de custo-benefício: toda uma edificação exclusiva para uma pessoa!
Evidente que escrevo isso em tom jocoso. Mas é preciso que chame a atenção: viver em condomínio, como em qualquer outra vizinhança é um reflexo do nosso agir como cidadãos na sociedade. O tal do “jeitinho brasileiro” fica muito evidente nestas relações mais próximas do dia-a-dia.
Por exemplo, se no estatuto ou convenção coletiva (o que é coletivo mesmo?) proíbe que se use as torneiras do prédio para lavar o carro; andar sem camisa em áreas comuns (elevador, corredor, hall, estacionamento, etc.); som alto ou atividade ruidosa fora de horário; desrespeitar a delimitação das vagas dos automóveis e uma série de outras normas de conduta, o indivíduo “jeitoso” acaba por pensar que tudo está correto e bem elaborado, mas, para os outros. “As normas e leis não se aplicam mim”. Afinal, “vou e volto rapidinho, para quê vestir uma camisa?”, “é só uma marteladinha, uma furadinha, bem rapidinho”. E de “inho” em “inho” o “inho” do vizinho vai sendo perturbado e não tendo seu direito ao silêncio e sossego respeitado. Cabe aqui boa e velha regra de ouro: o meu direito termina onde começa o do outro.
Uma dica de convivência para estes ambientes de condomínio é justamente a informação. Procurar se informar das regras de convivência daquele local. Toda sociedade tem as suas e, o condomínio como uma “sociedade em miniatura” também tem as suas e precisam ser obedecidas. O problema é que, do mesmo modo que no Brasil as penalidades nem sempre são aplicadas, a fim de corrigir os cidadãos infratores, também nestes ambientes de convivência não são diferente. Isto dá uma sensação de impunidade aos que perturbam a ordem e de desgosto e desgaste aos que compreendem, cumprem e exercem seus compromissos.
Quando entramos em um ambiente estranho ao nosso, onde não existe apenas a vontade de um indivíduo, mas de uma coletividade, é preciso adequar-se ao meio e não o contrário. Saber os limites, até onde se pode ir, o que pode se utilizado, o que pode ser feito e como pode ser feito, enfim. São pequenas normas de convivência para qualquer ambiente. Passando pelo ambiente de trabalho, escolar, acadêmico, religioso, partidário entre outros, todos estes espaços terão suas normas e aquele indivíduo, para ser aceito e assimilado pelo grupo deverá adequar-se ao meio. Jamais o contrário. Evidente que ideias, posturas, normas e leis podem ser modificadas, mas nunca unilateralmente. Sempre em conjunto.
Aliás, a própria significação do termo indivíduo é interessante: que dizer não dividido. Portanto, ao nos colocarmos como indivíduos e exigir que nossa individualidade seja respeita não significa somente que tal solicitação recairá exclusivamente sobre aquela pessoa, unicamente, mas, por não ser dividido e fazer parte de um todo, o indivíduo, ao exercer e exigir quaisquer direitos deve ter em mente que o está fazendo, de igual modo para o todo, a coletividade. Não somos divididos. Fazemos parte de um grande todo chamado comunidade, coletividade, ou se preferir, vizinhança, condomínio.

domingo, 14 de agosto de 2011

A difícil arte de conviver II

MANUAL PRÁTICO DA BOA VIZINHANÇA

 

“O pecado mora ao lado – mas você também não é um poço de virtude o tempo todo, certo? Mostramos como se pode lidar com sete tipos de vizinho problema para ter uma convivência mais harmoniosa em casa ou no prédio”.

(Leandro Sarmatz)


Basta de Donald versus Silva. Lembra da encrenca? Nos clássicos quadrinhos da Disney, o pato de voz rouca vivia a se engalfinhar com seu vizinho de cabelo escovinha e maus-bofes logo ali, do outro lado da cerca. Não havia paz. Os dois funcionavam na base da retaliação. Se Donald fazia muita fumaça na hora de assar o churrasco no pátio, Silva era capaz de acender a maior fogueira do pedaço, deixando o ar completamente irrespirável. Um inferno. Divertidíssimo e cruel – mas quem de nós se atreveria a declarar de cara limpa que nunca teve algumas rusguinhas com o cidadão que mora ao lado (ou em cima, ou embaixo...)?
É um tema delicado. Embute-se na palavra “vizinho” um sem-número de boas e más intenções, choques culturais, desconfianças, hábitos arraigados na intimidade do lar. Nunca se tem muita certeza se o que você está fazendo pode incomodar a outra pessoa que vive nas proximidades. Claro que o básico todo mundo sabe (ou deveria saber): demonstrar cortesia com o próximo, respeitar as normas estabelecidas em comum, não invadir o espaço alheio, jamais perturbar o sossego da maioria. Regrinhas que todos nós, como bons Homo sapiens que somos, devemos dominar de forma quase inata, assim como o uso do polegar opositor
Mas na hora do vamos ver, a coisa muda de figura – acirram-se os ânimos por quase nada. E, mesmo que seja um problema do tamanho de um bonde, muitas vezes até dá para solucionar a questão com delicadeza. Antes de chamar o síndico, acionar a polícia e contratar o advogado, imagine se não é possível conversar, se entender, entrar em um acordo.
Fofura? Então pense na seguinte escala: país, estado, cidade, bairro. Falta alguma coisa? Pois bem: a vizinhança. O nosso comportamento e o do vizinho espelham a relação que temos com a comunidade da qual fazemos parte. Costumamos levar para dentro de casa os mesmos vícios e virtudes que marcam a sociedade. O seu prédio pode ser chique no último e ter nome francês, mas nunca vai ser o principado de Mônaco se você se comportar mal.
Há uma saída? Quem sabe ajeitando a convivência no condomínio, a gente não começa a construir uma realidade melhor para todos na cidade, no estado e no país. Manja aquela parábola da gota no oceano?