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segunda-feira, 25 de abril de 2011

ESSE SEMBLANTE PASCAL


ESSE SEMBLANTE PASCAL
Crônica de Páscoa
Ronaldo José de Sousa
ronaldo@remidosnosenhor.com.br

Enfim, chegamos à Páscoa! Para alguns, o tempo quaresmal é subjetivamente maior do que realmente é. Afinal, são dias de jejum e abstinência. Alguém me perguntou por que quinta e sexta feira da semana santa são chamados de “dias grandes”. Sinceramente, eu não sei dizer, mas suspeito que seja por causa do jejum: o sacrifício torna os dias longos demais.
            Mas o espírito da Páscoa é outro: podemos tirar nossas vestes de luto e revestir-nos do Homem Novo: Jesus Ressuscitado. Isso imprime em nossa vida uma nova perspectiva: ela se cobre de variados traços de ressurreição. A paz e a alegria são os elementos que se sobressaem (cf. Jo 20, 19-23). Isso é Páscoa!
            É pena que para alguns parece não ter mudado nada. A vida continua a mesma, a não ser pela alteração dos símbolos e ornamentos de nossas igrejas e capelas. Muitos permanecem com aquela sensação interior de desconforto, como se fosse uma nostalgia negativa, fruto da falta de esperança que se recusa a desaparecer.
            Essas pessoas não fizeram o caminho completo com Jesus. Elas não despertaram com Ele no domingo de Páscoa e nem captaram a força dos panos de linho recostados no túmulo vazio (cf. Jo 20, 5-8). O percurso se completa somente quando nos deparamos com essa manhã pascal, que provoca um gozo místico indescritível.
A Páscoa acontece de fato. A liturgia da Igreja não faz apenas uma comemoração, mas uma atualização dos mistérios da vida de Cristo. Em outras palavras, a intenção não é recordar fatos para que, de alguma maneira eles não caiam no esquecimento. O tempo litúrgico torna presente de algum modo esses acontecimentos.
A Igreja agiu com sabedoria quando instituiu a “oitava da páscoa”. Parece que nós precisamos mesmo de oito dias para “cair a ficha”. De fato, depois dos dias da semana santa, aparentemente não muda muita coisa na nossa vida. E não muda mesmo, caso não assumamos a atitude de fazer atualizar a Páscoa.
É verdade que, aparentemente, permanecemos com os mesmos problemas, as mesmas preocupações e as mesmas dificuldades de antes. Mas elas estão como que transfiguradas pela atualização da ressurreição de Cristo. Nós também ressuscitamos com Ele. Esse semblante pascal dos que estão com Jesus o confirma. Nele vemos a convicção interior de que, verdadeiramente, tudo se fez novo.
Sim, é preciso olhar direito! As coisas não estão como eram. Muito ao contrário: elas se modificaram substancialmente, pois Aquele que tocou a morte não foi acorrentado por ela, mas venceu a morte pela vida. “Porque eis que vou fazer uma obra nova, a qual já surge: não a vedes?” (Is 43, 19).

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