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terça-feira, 19 de julho de 2011

IDENTIDADE E SENTIDO

Vivemos em um momento da história que alguns chamam de pós-Modernidade. Ou seja, uma superação do período da história conhecido como Modernidade. A Modernidade era caracterizada pelo aspecto de novo, novidade.
Assim, cada novo saber pretendia superar o anterior; cada movimento cultural e artístico supunha-se melhor e superior ao seu precedente. Mas, sobremaneira, a Modernidade era marcada pela técnica e pela confiança absoluta na ciência. Esta última seria a pedra de toque, aquela salvaguarda e única agente capaz de responder às questões humanas.
O pensamento científico pretendeu suplantar o pensamento mítico-religioso que marcou a Idade Média (séculos IV a XIV), acusando de o homem medievo, sobretudo a Igreja, de responsável pelas “trevas” da ignorância e desconhecimento.
Ocorre que, mesmo a ciência e todo o seu saber acumulado, acabou por frustrar as esperanças da humanidade moderna, pois, em vez de esta servir de emancipadora do homem e levá-lo a um nível de perfeição e desenvolvimento, acabou-se por render a interesses políticos, econômicos e de outras ordens. A razão instrumental, como ficou conhecida, não realizou a perfectibilidade que o homem moderno tanto esperava, mas o levou – em nome da ciência que tanto reverenciava – a tantas atrocidades.
Podemos ver, por exemplo, a crítica feita a este mito do cientificismo na Escola de Frankfurt. Filósofos, sociólogos, jornalistas e demais pensadores presenciaram o horror de um holocausto, das primeira e segunda guerras mundiais, segregrações raciais, apartheid e outros fenômenos que, “cientificamente” provaram que uma nação, um povo ou uma raça seria superior a outra, gerando tais atos hediondos.
O homem pós-moderno, aquele que vive neste nossa condição epocal, deparou-se diante de um grande dilema existencial: não acredita mais absolutamente na religião como aquela instituição que o responderia sua grandes questões, pois não se deixa prender mais em respostas simplistas, fantásticas ou míticas. Embora, graças a Deus, ainda hajam muitos homens e mulheres que professem sua fé publica e bravamente, a questão da religião é algo do âmbito privado, foro íntimo. Ou seja, não se tem mais a tradição de se seguir a religião dos pais e etc. Aliás, um mesmo indivíduo pode mudar de profissão religiosa diversas vezes ao longo de sua vida, assim ele se sinta “mais à vontade” com esta ou aquela doutrina, com este ou aquele modo de vida, com esta ou aquela filosofia
Tampouco o homem pós-moderno se deixa deslumbrar pela ciência. Visto que ela se mostrou poder servir a interesses de grandes laboratórios, a uma visão de etnocracia, a governos em detrimento de um povo ou nação, ou ainda, o que era verdade ontem já não encontra comprovação hoje e, o que é verdade hoje poderá deixar de ser amanhã. Tudo baseado na ciência, verdades empiricamente comprovadas, mas com alto fluxo de rotatividade.
No meio deste redemoinho de provas e refutações, o homem pós-Moderno ainda continua a buscar o que desde sempre buscou: a verdade. Sim, a verdade é como que um chão para o ser humano. Significa uma base segura na qual podemos nos apoiar e construir a nossa vida. Ora, se a verdade, vão dizer os niilistas, é questão de interpretação, de linguagem, podemos nós acreditar em qualquer coisa bastando, para isso ter um discurso bem elaborado e com argumentos logicamente estruturados.
O mundo de hoje vive uma crise de verdade. Crise de verdade significa crise de sentido e, crise de sentido implica dizer que vive-se uma crise de identidade. O homem não mais sabe quem ele é e não o sabe porque perdeu-se o sentido de quem Deus é. Assim como a verdade pós-moderna pode ser qualquer uma, Deus, que é a verdade, também se apresenta como qualquer doutrina que apareça e ofereça algum alívio para as dores do mundo em que vivemos.
A crise de sentido e de identidade só poderá ser superada quando o homem redescobrir quem é Deus. Assim, descobrindo quem é Deus, o homem voltará a saber quem é ele mesmo.
A primeira ação de Deus no ser humano quando este decide converter-se não é outra senão mostrar ao homem quem é o homem. Mostrar a este indivíduo quem ele é. E o que é o homem? quem sou eu? quem é você? Somos todos filhos amados. Esta é nossa primeira identidade. O sentido e significado de nossa existência, aquilo que nos identifica enquanto pessoas é que somos filhos. E não apenas filhos. Existe um qualificador nesta nossa condição, além de filhos somos amados. Ou seja, não apenas somos criados, mas existe uma ação constante que nos constrói e nos convida a nos melhorarmos constantemente: o amor de Deus. Se fôssemos apenas filhos poderíamos parar na condição de criatura e nos abandonarmos ao nosso livre-arbítrio, mas somos filhos amados, filhos que foram criados, mas que têm o criador todo tempo amando e amparando sua criação e não nos deixando esquecer dEle para não esquecermo-nos de nós, de quem somos. Por isso somente Deus pode dar sentido à existência humana, porque Ele somente pode dizer ao homem quem ele é.

FRANCISCO ELVIS RODRIGUES OLIVEIRA

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