Busca

Siga-nos

terça-feira, 26 de julho de 2011

“RCC: Rosto, memória e sinal de Pentecostes.”

Devemos nos alegrar muito e render graças a Deus por estarmos vivendo um tempo sublime na RCC. É tempo de “reconstruir as muralhas”. E nesta construção (ou reconstrução) vamos percebendo a RCC nos indicando um caminho a ser perseguido. Isto pode ser percebido, inclusive, pelo novo vocabulário que, aos poucos, tem se tornado familiar em nosso meio.
Não se trata de uma mera questão semântica ou de linguagem (embora, neste caso, se possa elaborar um estudo sobre a filosofia da linguagem), mas de uma mudança profética no interior do movimento. Fato que incide sobre seu comportamento, espiritualidade, missão, visão, comunhão eclesial, entre outros aspectos.
Termos como visão profética, militância apostólica, fase apologética, combatividade profética, cultura de pentecostes, e outros vocábulos que, de par em par, vão sendo incorporados aos discursos carismáticos e reproduzidos cada vez mais nos grupos de oração, nos encontros, em pregações, estudos, formações, debates e trabalhos escritos. Estas e outras nomenclaturas vão formando um conjunto de conceitos (corpus conceptualis) que servem para fazer uma definição – talvez a mais bem elaborada e madura já feita – do que, de fato, seja a renovação carismática: rosto e memória de Pentecostes. Particularmente, penso que, mais do que definir o que a RCC é, esta frase nos diz aquilo que devemos ser e continuar sendo. Portanto, rosto, memória e sinal de Pentecostes, mais que uma definição é uma missão confiada ao movimento.
Podemos dizer que, quando uma sociedade, um grupo, categoria ou classe de indivíduos muda o seu vocabulário, ocorreu ali, não apenas uma mudança de vocabulário, mas uma reviravolta linguístico-pragmática. Ou seja, o que mudou foi a sua história, o comportamento, os conceitos e, com isso, a comunicação também sofre as alterações. Faço aqui, uma modesta análise, e me atrevo a dizer à Renovação Carismática Católica, foi confiada, além de outras tantas atribuições, um carisma de mudança de paradigmas, ou ressignificação dos mesmos.
Vejamos. Até bem pouco tempo atrás (entenda-se antes do Concílio Vaticano II) não se ouvia comumente na vida ordinária da Igreja e dentro das sacristias, termos como pastor, ministério, carisma, etc. A RCC, ademais toda a graça de Pentecostes, trouxe consigo um caráter de renovação e ressignificação de termos ora esquecidos ou não antes empregados nos círculos eclesiais. Tanto que hoje em dia, mesmo aquela paróquia que não esteja alinhada ou ainda seja contra a RCC, mesmo ela denomina sua equipe de animação como ministério de música e não mais apenas, coro, coral, equipe de cânticos, como se costumava fazer. Tamanha a força de mudança e penetração da RCC.
Ao mesmo tempo em que a Renovação tem provocado uma mudança de linguagem e de prática (lembremos que este não foi um fenômeno imposto, mas natural e espontâneo) mesmo em círculos “não-carismáticos”, uma pergunta sempre tem acompanhado o movimento ao longo de seus mais de 40 anos: quem são vocês? Veja que, desde o começo a tentativa de definir (e, por vezes, enquadrar) a RCC é constitutiva de sua história e formação.
Destas indagações surgiu uma primeira definição (ainda muito aquém da ideal) do que seria a RCC: somos católicos. Simplesmente. Foi preciso definir nossa eclesialidade para depois definir nossa personalidade. Talvez a segunda definição em resposta a GRANDE PERGUNTA feita à RCC tenha sido: somos carismáticos. Está aí, uma das grandes virtudes do movimento: somos insistentes! Como disse um pesquisador e membro do movimento: “nossa maior virtude foi insistirmos e ser católicos”[1].
A cada novo termo incorporado ou resgatado pela RCC, a mesma pergunta. Falávamos de pastor, ovelhas e nos perguntavam: quem são vocês? Falávamos em ministérios, carismas, curas e milagres e nos perguntavam: quem são vocês?
Atualmente, continuamos a inserir, resgatar ou – como acredito ser mais apropriado – ressignficar tantos outros termos. Agora são os termos da maturidade eclesial da RCC, ou, como nos disse certa vez o Papa João Paulo II, os “frutos maduros que tanto esperavam”[2]. Nós crescemos, amadurecemos, nos institucionalizamos, provamos nossa eclesialidade sem perder a carismaticidade, mas ainda assim, a GRANDE PERGUNTA continua: quem são vocês.
Evidente que, dada a maturidade adquirida pelo movimento, a resposta também alcançou outro patamar. Aliás, a autodefinição madura que a RCC tem de si mesmo, não partiu de seu interior, mas de uma voz extrínseca a ela. Do mesmo círculo que perguntava “quem são vocês” levantou-se uma voz que, finalmente respondeu à GRANDE PERGUNTA: “a Renovação Carismática Católica é rosto, memória e sinal de Pentecostes”. Eis a melhor definição feita a duras penas de quem somos nós. Ou, para dizer de um modo mais simples, nós somos a Renovação Carismática.
  


[1] SOUSA, Ronaldo José de. In. O impacto da Renovação Carismática Católica.
[2] João Paulo II, durante o histórico encontro na praça de São em maio de 1998, com os Movimentos Eclesiais e as Novas Comunidades.

Nenhum comentário: