Deus não cansa mesmo de nos surpreender e
de nos falar mesmo pelos meios mais improváveis ou inesperados.
Durante uma das aulas do mestrado, em uma
leitura de um texto do filósofo alemão Immanuel Kant, acerca das possíveis
provas da existência de Deus (ontológica, cosmológica, físico-teológica), o
teor das discussões acabou tomando este viés religioso.
A certa altura, o professor –
declaradamente ateu – fez um comentário elogioso sobre o Cristianismo e sobre a
Igreja, destacando sua importância para a cultura e formação do pensamento ocidental,
ao que os alunos, surpresos, perguntaram: “Mas
o senhor não é ateu?”.
O professor confirmou sua posição: “Sim, sou ateu... mas sou cristão!”.
Ninguém entendeu nada e ele continuou: “Eu não acredito em Deus, não acredito na
Igreja, não acredito na Bíblia, muito menos em Jesus Cristo. Mas não posso não
me dizer cristão. Por exemplo, se você me sugerir para me vingar de alguém que
me fez muito mal e que deveria, portanto, matar essa pessoa, eu não o farei. Isso
é cristianismo! Quando cometo um erro eu sinto culpa, remorso, arrependimento. Isso
é cristianismo!
Eu dou esmola. Se alguém bate a minha porta pedindo um prato de
comida e tenho como ajudar, eu dou. Isso é cristianismo! Se alguém querido me
ofende ou magoa, mas depois se desculpa e mostra arrependimento, eu perdoo. Isso
é cristianismo! Se tivéssemos sido dominados pela cultura grega ou muçulmana,
por exemplo, esses conceitos seriam estranhos a nós. Então, não tenho como
fugir do cristianismo, mesmo eu sendo ateu. O cristianismo é uma realidade
antropológica. Por isso, sou ateu... Mas sou cristão”.
Francisco Elvis Rodrigues Oliveira
(elvisroliveira@hotmail.com)
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