Por Pe. Antonio Rivero, LC
Como é difícil fazer uma boa homilia! Qual seria a melhor forma de fazê-la? O que parece que está claro é o que não se
deve fazer. Eis aqui alguns exemplos:
1) Homilia improvisada: é aquela que o
sacerdote prepara quando já está vestindo a alva, cíngulo, a estola e a casula
para a santa missa.
2) Homilia livresca: homilia com gosto de
livro e escritório; homilia acadêmica, marmórea, mas carente de coração e do
conhecimento dos ouvintes.
3) Homilia arqueológica: homilia onde o
pregador quer sempre realizar incursões em detalhes secundários sobre os
fariseus, essênios, dracmas, estádios, hora sexta, átrio, poço, mas não explica
a mensagem de Deus, apenas curiosidades periféricas.
4) Homilia romântica: aquela que quer
arrancar lágrimas, sorrisos e açúcar do ouvinte, à custa de exclamações,
interjeições, gritos, linguagem paternalista com adjetivos ternos, diminutivos
ou aumentativos.
5) Homilia demagógica: baseada em palavras
e mais palavras para ficar bem com o público, trai tanto a mensagem evangélica
como o destinatário, agradando ou apequenando, desfigurando e distorcendo a
doutrina de Cristo.
6) Homilia literária: mais que uma
pregação sagrada é um exercício literário ou poético.
7) Homilia antológica: a homilia torna-se
uma oportunidade para lembrar e trazer à tona todas as frases, sentenças,
textos, poesias, definições que o pregador aprendeu de memória ou que tinha em
seus arquivos.
8) Homilia molusco: invertebrada, melosa,
gelatina escorregadia, sem argumento, sem conteúdo, sem tema. Não termina um
tópico e já começa outro.
9) Homilia tijolo: apenas ideias sem
relação com a vida dos ouvintes. A homilia precisa chegar, por assim dizer, até
a cozinha da dona de casa, ao local de trabalho do bom pai de família, até a
escrivaninha do estudante... esta homilia-tijolo não chega.
10) Homilia espaguete: se enrola toda
sobre o mesmo assunto, cansando os ouvintes e fazendo-os bocejar.
11) Homilia workshop: aborda muitos
assuntos sem especificar nenhum.
12) Homilia repetição do Evangelho: não
sabe extrair uma mensagem desse Evangelho para os seus ouvintes, a única coisa
que faz é repetir o que já leu no Evangelho. Será possível que o pregador seja
incapaz de preparar uma pregação saborosa com apenas uma ideia bem expressada?
Ou ouvinte não é bobo, por favor!
13) Homilia técnica: usar todo tempo uma
linguagem teológica que as pessoas não entendem (metanoia, kénosis, anáfora, parusia, epifânico, pneumático, mistagogo, escatologia,
transubstanciação...). A homilia não é uma aula de teologia, mas uma
conversa cordial com seus ouvintes e paroquianos.
14) Homilia “das ruas”: o pregador
salpica, todo tempo, sua fala com gíria vulgar e grosseira. Desse modo,
rebaixa-se a Palavra de Deus, a dignidade do profeta e a dignidade dos fiéis
que São Paulo chama de “santos do Senhor”. O pregador não deve nunca se
rebaixar, pois está falando em nome de Cristo e da Igreja.
15) Homilia do mau piloto: o pregador não
sabe decolar nem aterrissar, dá voltas e mais voltas e nunca termina. “E para
terminar...”. E volta a subir às nuvens... “E, finalmente, para terminar...”. E
volta a subir. Termine e pronto, por favor!
No
vídeo abaixo, Mr. Bean "sofre" em uma homilia ruim neste filme clássico... embora, talvez, ele tenha merecido!
Nenhum comentário:
Postar um comentário