Logo no início da minha caminhada com Deus – deveria ter por volta de 15 (quinze) anos de idade – tendo vivido uma experiência pessoal de encontro com Jesus, comecei a participar ativamente da vida da Igreja. Havia uma vontade nova de buscar a Deus e conhecer mais esse “novo mundo” que me encantava a cada momento: estava vivendo aquilo que os mestres espirituais chamam de primeiro amor, ou seja, havia sido tocado, de fato, pelo amor de Deus. Amor incomparável e indescritível. O que posso dizer é que jamais havia me sentido amado daquele modo e, esta presença amorosa de Deus me impulsionava a dar uma resposta adequada, embora sempre aquém do amor que recebia, afinal, somos limitados e Deus sempre se supera em bondade e amor.
Esta resposta a qual me esforçava por dar a este Deus que me ama tanto assumia a forma de orações cada vez mais espontâneas e sinceras, assim como um novo modo de olhar e perceber o mundo a minha volta e também um novo modo de me relacionar com os outros. Tudo havia se tornado diferente. Muita coisa havia mudado. Acredito que era Deus mesmo a me transformar em um homem novo (cf. ef 4, 24) e a fazer de mim uma nova criatura (cf. II Cor 5, 17), à medida que mais e mais estivesse junto dele (cf. Jo 15, 4).
A este novo “jeito de ser”, ou novo modo de viver e relacionar-se com Deus, com os outros, com o mundo e comigo mesmo, pode ser denominado espiritualidade. Ou seja, existe uma vida em cada ser humano que vai além da vida exterior, física, material. Existe uma vida interior que precisa ser cultivada e enriquecida por meio de orações e exercícios espirituais a fim de aproximar nossa alma cada vez mais de seu criador. Tais exercícios espirituais (ascese) devem gerar uma conversão sincera e uma prática cristã transformadora também da realidade à nossa volta conferindo uma autêntica sensibilidade aos nossos irmãos.
Esta vida interior – como diriam os mestres espirituais – em certos momentos assemelha-se à nossa vida exterior. Neste sentido, da mesma forma que é custoso formar nossa vida, a fim de obtermos a felicidade, tornando nosso existir mais saudável e pleno, do mesmo modo, faz-nos necessário compreender que temos uma vida espiritual, mas que esta também, exige de nós esforço e não pouco sofrimento para construí-la.
Utilizo este termo “construir”, pois é deste modo que imagino a vida espiritual: estamos sempre em construção. Em nossas metrópoles, constantemente percebemos uma obra sendo realizada aqui e acolá: seja um novo viaduto, um reparo da rede de esgoto, obras de metrô, seja mesmo um sem fim de “tapa-buracos” em nossos asfaltos.
Por isso, o termo construção se aplica muito bem à nossa vida espiritual, pois neste processo de descobrir quem Deus é, vou também descobrindo quem é o outro e quem sou eu. Mas esta descoberta também não se dá sem barulho, sem “quebra-quebra”, sem tumultos. Porque é um processo muitas vezes doloroso saber que eu não sou tão bom quanto minha família dizia que eu era. Porque vou descobrindo que o outro pode, tantas vezes, me ferir, especialmente quando concedo a ele esta faculdade. A construção aparece como um caminho de revelação das sujeiras da cidade, da confusão e do barulho. Mas, ao ser concluída, a boa obra completada, se mostra totalmente oposta à situação de caos inicial.
De modo semelhante, quando nos prontificamos a entrar nos caminhos do Senhor[1], devemos nos preparar para encontrar o que há de mais sujo, barulhento e caótico em nossa alma, mas nunca deixando de lado a idéia de que o arquiteto[2] desta obra vê além e, no meio das confusão da obra ele consegue vislumbrar toda a beleza (ainda que potencial) que se esconde por trás de tudo isso.
Então, se, em algum momento e por algum motivo, magoarmos aos outros durante este processo de estruturação – mesmo aquele ente mais querido, ou a nós mesmos –, vale tomar emprestada uma frase que se encontra com muita constância em qualquer canteiro de obras de nossas cidades: “desculpe o transtorno, estou em construção”.
Esta resposta a qual me esforçava por dar a este Deus que me ama tanto assumia a forma de orações cada vez mais espontâneas e sinceras, assim como um novo modo de olhar e perceber o mundo a minha volta e também um novo modo de me relacionar com os outros. Tudo havia se tornado diferente. Muita coisa havia mudado. Acredito que era Deus mesmo a me transformar em um homem novo (cf. ef 4, 24) e a fazer de mim uma nova criatura (cf. II Cor 5, 17), à medida que mais e mais estivesse junto dele (cf. Jo 15, 4).
A este novo “jeito de ser”, ou novo modo de viver e relacionar-se com Deus, com os outros, com o mundo e comigo mesmo, pode ser denominado espiritualidade. Ou seja, existe uma vida em cada ser humano que vai além da vida exterior, física, material. Existe uma vida interior que precisa ser cultivada e enriquecida por meio de orações e exercícios espirituais a fim de aproximar nossa alma cada vez mais de seu criador. Tais exercícios espirituais (ascese) devem gerar uma conversão sincera e uma prática cristã transformadora também da realidade à nossa volta conferindo uma autêntica sensibilidade aos nossos irmãos.
Esta vida interior – como diriam os mestres espirituais – em certos momentos assemelha-se à nossa vida exterior. Neste sentido, da mesma forma que é custoso formar nossa vida, a fim de obtermos a felicidade, tornando nosso existir mais saudável e pleno, do mesmo modo, faz-nos necessário compreender que temos uma vida espiritual, mas que esta também, exige de nós esforço e não pouco sofrimento para construí-la.
Utilizo este termo “construir”, pois é deste modo que imagino a vida espiritual: estamos sempre em construção. Em nossas metrópoles, constantemente percebemos uma obra sendo realizada aqui e acolá: seja um novo viaduto, um reparo da rede de esgoto, obras de metrô, seja mesmo um sem fim de “tapa-buracos” em nossos asfaltos.
Por isso, o termo construção se aplica muito bem à nossa vida espiritual, pois neste processo de descobrir quem Deus é, vou também descobrindo quem é o outro e quem sou eu. Mas esta descoberta também não se dá sem barulho, sem “quebra-quebra”, sem tumultos. Porque é um processo muitas vezes doloroso saber que eu não sou tão bom quanto minha família dizia que eu era. Porque vou descobrindo que o outro pode, tantas vezes, me ferir, especialmente quando concedo a ele esta faculdade. A construção aparece como um caminho de revelação das sujeiras da cidade, da confusão e do barulho. Mas, ao ser concluída, a boa obra completada, se mostra totalmente oposta à situação de caos inicial.
De modo semelhante, quando nos prontificamos a entrar nos caminhos do Senhor[1], devemos nos preparar para encontrar o que há de mais sujo, barulhento e caótico em nossa alma, mas nunca deixando de lado a idéia de que o arquiteto[2] desta obra vê além e, no meio das confusão da obra ele consegue vislumbrar toda a beleza (ainda que potencial) que se esconde por trás de tudo isso.
Então, se, em algum momento e por algum motivo, magoarmos aos outros durante este processo de estruturação – mesmo aquele ente mais querido, ou a nós mesmos –, vale tomar emprestada uma frase que se encontra com muita constância em qualquer canteiro de obras de nossas cidades: “desculpe o transtorno, estou em construção”.
[1] Cf. Eclo 2, 1-6.
[2] Nenhuma alusão à concepção maçônica de Deus como arquiteto do Universo. O uso deste termo aqui empregado é simplesmente o do profissional de arquitetura, no sentido que este tem em sua mente o resultado final de sua obra. Enquanto todos vêem um amontoado de escombros, ele enxerga o belo da obra concluída.
FRANCISCO ELVIS RODRIGUES OLIVEIRA
Coord. Ministério de Pregação
R.C.C. Fortaleza
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